91 anos de O Semeador
DOM EDVALDO G. AMARAL * Meus amigos da GAZETA que me perdoem, mas o patriarca da imprensa alagoana é mesmo o modesto órgão da arquidiocese, O Semeador, fundado que foi a 2 de março de 1913, e assim comemorando com toda energia seus 91 anos de ininter
Por | Edição do dia 05/03/2004 - Matéria atualizada em 05/03/2004 às 00h00
DOM EDVALDO G. AMARAL * Meus amigos da GAZETA que me perdoem, mas o patriarca da imprensa alagoana é mesmo o modesto órgão da arquidiocese, O Semeador, fundado que foi a 2 de março de 1913, e assim comemorando com toda energia seus 91 anos de ininterrupta atividade, em marcha para o primeiro centenário. Hoje, ele é editado quinzenalmente pela valorosa Equipe de Comunicação da Arquidiocese (Ecoar), mas já foi diário e vespertino, tendo como redação - e acho também impressão, monsenhor Celso que o diga - na própria Catedral Metropolitana. Eram os tempos heróicos da composição linear, tipo por tipo, letra por letra, que nossos tipógrafos realizavam com tanto amor e arte. E isso diariamente. Todas as tardes, o povo de Maceió esperava adquirir o jornal do bispo, o órgão da diocese. Tinha força e peso na opinião pública alagoana. Basta ver que um meu antigo colega, padre José Brandão de Lima, um de seus diretores, irmão da Ir. Teresinha do Colégio Sacramento e de outra religiosa, perdeu a vida de forma misteriosa, porque o Semeador, em artigos não escritos pelo padre Brandão e sim por outra pessoa, incomodou os poderosos da época. Monsenhor Cícero de Vasconcelos e monsenhor Antônio José de Cerqueira Valente, párocos da Catedral de Maceió, são nomes lembrados pelos historiadores da Arquidiocese, como Ernani Méro, como pioneiros da direção do jornal diocesano. Vendida à Rádio Palmares, meu estimado e de todos querido antecessor, dom Miguel Fenelon Câmara, adquiriu quatro imóveis, que constituíram boa base financeira para a Fundação Palmares, mantenedora do jornal. Em 1986, encontrei o nosso O Semeador precariamente impresso na Gráfica Oficial do Estado. Nosso querido monsenhor Celso, na tradição dos vigários da Catedral, com enorme sacrifício, o conduzia, corrigindo os originais na própria gráfica. Bastava um feriado ocorrido na semana, ou uma greve dos gráficos e O Semeador deixava de sair. Foi quando pensei em imprimi-lo provisoriamente na GAZETA DE ALAGOAS, enquanto cuidava de sua independência técnica. O custo ainda era de amigos, mas pesava um pouco nos débeis recursos da Fundação Palmares, não devidamente apoiada pela administração diocesana. Com muitas viagens, pedidos e amigos do Brasil e sobretudo do exterior (Gráfica San Zeno, de Verona, Adveniat e Kirche in Not, da Alemanha) consegui montar uma pequena e boa gráfica para a Fundação Palmares, com um patrimônio, na data de sua instalação, de 76.380 reais, que não custou um centavo à arquidiocese, como disse em minha carta de despedida, de 4 de julho de 2002. Com ela, finalmente, alcança sua independência nosso querido O Semeador, que tem agora nova e excelente, embora modesta, apresentação. Sob a direção geral do senhor arcebispo dom José Carlos Melo C.M., responsável também pela coluna A Palavra do Pastor, é hoje dirigido pelo padre José Kermes Martins e conta com uma excelente equipe de colaboradores, destacando-se, entre eles, o cônego Henrique Soares (Teologia e espiritualidade), o monsenhor Celso, há muitos anos responsável pelas páginas centrais 8 e 9, o monsenhor João Leite (com poéticas reminiscências), cônego Rubião (sobre Nossa Senhora), o padre Manoel Henrique (temas da atualidade, algumas vezes polêmicos, onde faz falta minha tesoura), o cônego José Everaldo (com Direito), Rilda Rocha Ferro (vários assuntos) e outros mais. Procuro dar de vez em quando modesta colaboração, mais como prova de carinho e amor ao O Semeador. Prestam ajuda à direção de maneira incansável Valdineide e, de modo todo particular, a editora eletrônica Maria José Borges. É nossa tão conhecida e querida Zezé, que tantas vezes, às sextas-feiras, vi deixar O Semeador pronto pelas 14 horas, indo direto para o Colégio Monsenhor e sacrificando o almoço, em virtude do atraso dos colaboradores de padre Kermes. Nesse aniversário, quase centenário, a Senhora dos Prazeres abençoe leitores, articulistas e propagandistas de O Semeador. (*) É ARCEBISPO EMÉRITO DE MACEIÓ