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Opinião

Comunicação e ação

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Por Stephen Stefani - médico oncologista | Edição do dia 05/05/2021 - Matéria atualizada em 05/05/2021 às 04h00

Você está tomando os cuidados para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus? Sim, doutor, eu estou... o problema são as visitas! Esse fragmento de diálogo, até divertido se fosse em outros tempos e não fosse cruelmente real, ilustra um aspecto fundamental da batalha sanitária que estamos vivendo: estamos falhando na comunicação. Comunicar ciência tornou-se uma prioridade, preocupação de órgãos públicos e privados e um assunto estabelecido de educação. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que 20% a 30% das prescrições de doenças crônicas não são seguidas. Se incluirmos recomendação de parar de fumar ou realizar atividade física, os números podem ser piores.

Mesmo que a informação seja abundante e acessível, não estamos conseguindo fazer as pessoas usarem máscaras de forma correta ou lavar as mãos. Falta uma ponte entre comunicação e ação. As mudanças podem ser difíceis, seja por falta de compromisso, interesse ou compreensão. As condições socioeconômicas, tratamentos inacessíveis ou as condições de vida difíceis têm papel eloquente na capacidade de adesão a recomendações médicas. Um remédio muito caro, mesmo que bem indicado, não será realidade para quem concentra esforços em comprar a comida dos filhos. A falha em seguir recomendação médica é, também, um problema caro. A American College of Preventive Medicine estimou que a não adesão era responsável, antes da pandemia, por pelo menos 10% das hospitalizações. Não temos dados atuais ou para nossa realidade, mas é justo imaginar que sejam ainda mais assustadores em condição de uma tragédia sanitária. O consenso é que estamos falhando, de alguma forma, em dar solução para um número gigantesco de pessoas, o que leva a uma quantidade inaceitável de mortes evitáveis. Com todos cansados, os pensamentos binários e beligerantes são mais frequentes. Não existe solução simples, mas concentrar esforços naqueles pontos de menor desalinhamento, como benefício de máscaras e vacinas, pode contribuir para colocar todos na mesma direção. Uma situação complexa como a pandemia não pode ser levada por antíteses simplistas como liberdade e ditadura, direita e esquerda, amigo e inimigo, como amor e ódio.

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