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Opinião

Envelhecendo e vivendo

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Por MILTON HÊNIO - médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 15/05/2021 - Matéria atualizada em 15/05/2021 às 04h00

Nossa vida caminha e nem percebemos como o tempo foi passando. De repente já somos idosos. Usamos o silêncio como nosso companheiro, para recordarmos os momentos inesquecíveis que a vida nos proporcionou.

No último dia 6 de maio completei 84 anos e já estou com 58 anos no exercício diário da minha adorável profissão. Em virtude dessa terrível pandemia, desse invasivo e miserável vírus, resolvi fechar o meu consultório com imensa saudade por me sentir na área de risco. A marcha do tempo é inexorável e vai deixando tudo para trás. Nossa vida é um eterno construir: construímos nossa infância, nossa adolescência, nossa profissão, nossa família e nossos queridos amigos. Tentamos de toda sorte sermos acompanhados pela felicidade. A vida vai prosseguindo, mas enquanto ela existe devemos ser apaixonados por ela como foi o próprio Cristo. Tenho certeza que a vida é o maior espetáculo do mundo. O melhor de uma vida é o que se continua na lembrança. Isso na fase do idoso. Nessa fase, o melhor da vida é ter saúde, uma maravilhosa família e recordar nas horas do silêncio o passado que nos deu alegria e felicidade. Todo idoso que soube fazer o plantio bem feito, tem direito a uma boa colheita. As pessoas do meu passado, médicos, professores, pacientes antigos, sucederam-se como sentinelas de uma guarda. De vez em quando procuro percorrer os bairros antigos de Maceió, onde numa ambulância rodava com frequência procurando salvar vidas de pessoas angustiadas. 58 anos de formado! Não deixo de recordar três momentos inesquecíveis da minha vida de pediatra: 1) Quando tomei posse no Rio de Janeiro como membro da Academia Brasileira de Pediatria; 2) Quando fui eleito Presidente Nacional da Sociedade Brasileira dos Médicos Escritores e 3) Quando ao lado de outros colegas alagoanos, fundamos a Academia Alagoana de Medicina. Vou viver agora uma nova etapa de minha vida. Com 84 anos, com reflexão e planejamento, continuarei com imensa satisfação a caminhar pela vida, procurando sempre sorrir e viver com alegria. Deixarei em meu lugar, a minha neta Larissa, que ama a Pediatria como eu. Assim, recebo os meus 84 anos como uma dádiva carregada de bênçãos: uma linda família, comandada pela minha querida esposa Myrza, uma boa saúde, pedindo a Deus pelo progresso e pela paz do nosso Brasil. Meu caro leitor, a vida se constrói na caminhada. Quando você estiver angustiado, impaciente, cheio de problemas, olhe para o céu, respire fundo, veja a beleza das estrelas, penetre na imensidão do infinito e descanse a sua mente. Temos uma existência que nos cabe administrar e assumir. Procure retocá-la com lucidez e esmero como faz o artista em sua obra. O fato é que a nossa vida terrena é fugaz comparada até na Bíblia com a neblina, com o sopro, com um fio de fumaça. Meu caro idoso, alimente sempre a esperança e tenha certeza por dias melhores, porque você é precioso aos olhos de Deus e viva sempre seu dia com alegria.

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