loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quinta-feira, 02/10/2025 | Ano | Nº 0
Maceió, AL
26° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Miseráveis e a pandemia

.

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Impossibilitados de sequer atender às recomendações básicas de prevenção contra a Covid-19, como ficar em casa e higienizar as mãos, moradores de rua estão entre os grupos sob maior risco em meio à pandemia. Além de não terem como se prevenir, também potencializam o risco de contágio nas cidades, por ficarem expostos em locais com circulação de pessoas, estando mais suscetíveis tanto a transmitir quanto a serem infectados pelo vírus.

É considerada em situação de rua a população que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, fazendo com que sejam obrigados a utilizar os logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. Segundo levantamento mais recente feito junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), em Maceió há atualmente 2.457 pessoas em situação de rua. Até meados de maio, 86 delas já haviam sido infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia e dez morreram. Incluir esse grupo entre os prioritários é, portanto, uma questão não só humanitária, como também de lógica. Neste sentido, louve-se a iniciativa da Prefeitura Municipal de Maceió, que deu início neste mês à imunização dos moradores em situação de rua, começando por aqueles com 18 anos ou mais. A vacinação de mais de 2 mil pessoas nessas condições acontece por meio de busca ativa, com equipes da Gerência de Imunização e do Consultório na Rua da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indo ao encontro do público-alvo. Importante destacar também que religiosos, entidades e órgãos públicos têm procurado ajudar de outras formas, conseguindo, por exemplo, dar abrigo e alimentação a muitas dessas pessoas, tirando-as do ambiente insalubre em que vivem e protegendo-as, dentro do possível, dos efeitos da pandemia. Em momento como este, de caos total, é comum observar gestos de solidariedade unindo gestores e a própria sociedade em torno dos mais carentes. Entretanto, esse esforço concentrado precisa seguir adiante, ir além da pandemia. No caso dos abrigos, por exemplo, não basta o recolhimento dos moradores de rua. A sociedade é convocada a contribuir com o que puder, notadamente material de limpeza e higiene, roupas e alimentação. E após a pandemia, com o agravamento da crise econômica, aumento do desemprego e, consequentemente, da pobreza extrema, os gestores precisarão rever os planos de assistência social, direcionar mais efetivamente recursos destinados às camadas miseráveis da população, enfim, buscar soluções para evitar o aumento ainda maior do contingente de pessoas que, sem teto e sem comida, são empurradas, literalmente, para a “rua da amargura”.

Relacionadas