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Opinião

Brasil e a construção

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Por Ricardo Bidone - engenheiro civil, conselheiro da SERGS e da Fiergs | Edição do dia 12/06/2021 - Matéria atualizada em 12/06/2021 às 04h00

Somente três países possuem em comum as seguintes duas características: mais de duzentos milhões de habitantes e mais de oito milhões de quilômetros quadrados. Esse trio é formado por Estados Unidos, China e Brasil. Esses números, em tese, guardam oportunidades para transformá-los nas maiores potências mundiais. Em termos de PIB, os dois primeiros já atingiram esse êxito. Tendo como premissa esses valores superlativos, a análise do setor da construção brasileira permite uma série de reflexões.

A construção de apartamentos e de casas (incorporação imobiliária) viveria, atualmente, no Brasil, um bom momento. A taxa básica de juros (Selic) tem estado, há alguns anos, em patamar baixo. Nessa condição (1) não faz sentido manter recurso aplicado em banco porque a remuneração do investidor é pequena e (2) como a taxa também “segura” juros de financiamentos habitacionais à pessoa física, quem necessita de empréstimo para comprar a casa própria é estimulado a tomá-lo. Ora, fica evidente que o cenário para produzir imóveis seria propício e a roda da economia do setor giraria. A realidade, no entanto, é a falta de materiais e o aumento descontrolado de seus preços. As obras de infraestrutura (públicas e de equipamentos urbanos), considerando que o País carece enormemente, por exemplo, de saneamento e de rodovias para escoar a produção agrícola, deveriam estar a pleno. Por que o País não é um canteiro de obras desenvolvendo o presente e a se preparar para o futuro? As obras públicas são um emaranhado burocrático. As dificuldades já se iniciam na forma como acontecem as licitações, nas quais as provas de capacidade técnica têm sido negligenciadas em benefício dos valores aviltados dos certames. Resulta disso a não conclusão das obras. Cria-se, assim, um mecanismo que gera maus projetos seguidos de má execução. Os problemas que atrapalham as obras, no Brasil, são profundos. Trata-se de uma “cultura de barrar” ou “paralisia de canetas” desenvolvida por gerações a fio e cujas origens são difusas. Estados Unidos e China avançaram em indústria e tecnologia. O Brasil patina e perde tempo numa desindustrialização galopante. A economia nacional avança por espasmos com ciclos econômicos muito curtos e que impõem picos e vales não ultrapassáveis por quem empreende. Há, sim, um conforto: considerando seu grande tamanho e pequena população, o País tem um enorme potencial para crescer!

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