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Opinião

Medo e superação

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Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 19/06/2021 - Matéria atualizada em 19/06/2021 às 04h00

Coragem é a resistência ao medo, o domínio do medo, e não a ausência do medo, escreveu Mark Twain. O mundo tem 4 milhões de mortos pela pandemia do Covid-19. A média mundial é de 488 por milhão de habitantes, mas no Brasil é 2.293 mortos. A taxa de mortalidade nacional volta à crescer e ultrapassaremos os 500 mil mortos brevemente, graças à preferência do governo federal pela cloroquina no lugar das vacinas e da imunidade de rebanho como forma de “imunização da população, conforme comprova a CPI. Alagoas, na pouca vacinação realizada até aqui, reduziu extraordinariamente o número de mortes em idosos e vacinados.

Esse clima de medo na sociedade, 63% da qual elege como o maior risco que enfrentam a violência, consome 9% do nosso PIB, é exacerbado pela agitação política instaurada no País na forma de bravatas e ameaças constantes à democracia. O respeito ao bom senso e ao raciocínio lógico não permitem deixar essa situação evoluir para uma crise institucional que só interessa ao governo, que conta com a intimidação como aliada à execução de seu intento. Quanto mais temerosa a sociedade, quanto mais a maioria partidária da democracia estiver convencida de que o País está à beira do caos, do abismo e de um golpe, quanto mais se repete essa ideia, mais se normaliza essa situação e se faz o jogo dos arautos da opressão. Não significa que se deve ignorar a preferência do ocupante do Palácio do Planalto por um regime de arbítrio, no qual ele pudesse dar vazão ao impulso de exercer o poder de modo absoluto, a fim de impor ao Brasil suas convicções retrógradas. O medo tem alguma utilidade, mas a covardia, não, segundo Gandhi. A sociedade brasileira que se organizou e se engajou nas lutas coletivas pela anistia, por eleições diretas, pela volta dos militares à disciplina dos quartéis, que viveu uma hiperinflação e assistiu à condenação criminal da cúpula de um partido no poder, sem abalos institucionais, não está nem pode se colocar no lugar de vítima ante as investidas de caráter golpista.

A eficácia de uma barreira de contenção depende do poder civil, há 35 anos no comando. Nesse período, o Brasil amadureceu o suficiente para não sucumbir ao fantasma do temor desmedido. Já teria caído o pilar do alicerce da disciplina nas Forças Armadas, da sua competência e da sua capacidade de exercer funções civis. Nem a esquerda mais radical conseguiu promover semelhante destruição no conceito das três Armas junto à população. É imperativo que os militares respeitem a Democracia e recuperem a confiança da sociedade. Foi a atuação destemida das instituições, como STF, que permitiu a compra de vacinas e implantação das medidas de proteção sanitárias para evitar que essa tragédia fosse ainda maior.

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