TORNEIRA VAZIA

Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostra que, em 2019, quase 38% da população brasileira tinha alguma vulnerabilidade de acesso à água. De acordo com os Indicadores Sociais de Moradia no Contexto Pré-Pandemia de Covid-19, enquanto 22,4% dos moradores residiam em domicílios sem abastecimento diário ou estrutura de armazenamento de água, 11,9% eram abastecidos por outra forma que não a rede geral. Além disso, 3,4% dos lares não estavam ligados à rede geral de água nem contavam com canalização. Em nível nacional, Alagoas aparece como o sexto estado que teve mais dificuldade de acesso à água.

As dificuldades de higienização eram ainda maiores entre as grandes regiões do País. No Norte, 10,7% da população brasileira residia em domicílios sem canalização interna de água e abastecidos principalmente de outra forma, que não a rede geral de distribuição de água. No Nordeste, essa proporção era de 7,9%. A média nacional era de 3,4%. Entre as unidades da federação, o maior valor foi verificado no Pará, com 13,8%. Nas áreas rurais, 18,8% das pessoas moravam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nas casas. Os dados revelam também a desigualdade no abastecimento de água nos lares brasileiros. Somente 62,2% da população dispunha de água oriunda de rede geral de distribuição, com abastecimento diário e com estrutura de armazenamento em seu domicílio, e, portanto, tinha melhores condições de cumprir as recomendações de higienização. O Brasil, detentor de grandes fontes de água doce, tem todas as condições de melhorar, ampliar e revitalizar infraestruturas de abastecimento e distribuição de água. Para isso, é necessário que haja mais investimentos públicos e privados nesse segmento. A distribuição de água potável e o saneamento básico são fundamentais para a melhoria da qualidade de vida da população. Nas últimas décadas, o País registrou avanços nesse sentido, mas ainda não o suficiente para a universalização do serviço.