Jogo sujo
A dois dias de reunir o congresso que vai eleger o novo presidente, a FIFA a poderosa entidade que controla o esporte mais popular do planeta foi abalada pela prisão de sete dirigentes de várias nacionalidades. Eles teriam aceitado subornos de empresa
Por | Edição do dia 28/05/2015 - Matéria atualizada em 28/05/2015 às 00h00
A dois dias de reunir o congresso que vai eleger o novo presidente, a FIFA a poderosa entidade que controla o esporte mais popular do planeta foi abalada pela prisão de sete dirigentes de várias nacionalidades. Eles teriam aceitado subornos de empresas de marketing desportivo para, em troca, lhes concederem direitos comerciais e televisivos de competições organizadas pela entidade. Segundo a justiça americana que determinou as prisões, os suspeitos teriam participado de um esquema para enriquecer através da corrupção no futebol internacional, que já durava 24 anos. Para muita gente, entretanto, a notícia não trouxe nenhuma surpresa. Nos últimos anos, a entidade vem sofrendo acusações de corrupção. De acordo com as denúncias, tanto a Fifa quanto a CBF, responsável pelo futebol no Brasil, teriam se tornado um grande balcão de negócios, no qual são firmados acordos bilionários, que envolvem direitos de transmissão e materiais esportivos. Um grande jogo de bolas marcadas, cujo palco principal são as Copas do Mundo. Um Mundial gera bilhões de dólares em receita. As prisões de ontem e a investigação da justiça americana lançam ainda mais dúvidas sobre a transparência e honestidade do processo de escolha nos últimos torneios. Outras revelações devem vir à tona em breve, pois a investigação estaria apenas começando. O fato é que a corrupção no futebol não pode ser vista como um problema isolado. Há muito tempo os interesses econômicos têm superado qualquer valor ético no esporte, desde que o futebol se transformou num negócio de bilhões de dólares. Por isso, o dinheiro conta mais do que qualquer aspecto, e a ética acaba subordinada ao mercado. A boa notícia é que, após décadas de corrupção descarada nas palavras da promotora americana Kelly Currie o futebol profissional parece ganhar a chance de um novo começo, para que suas instituições façam uma vigilância honesta e apoiem esse esporte tão apreciado mundo afora por pessoas de todas as idades, credos, classes sociais e religiões. É fácil controlar o futebol dentro de campo. Para isso, existem os árbitros e as regras, facilmente assimiláveis por jogadores e torcedores. Fora das quatro linhas, entretanto, não há limites nem juízes. Pelo menos não havia até agora.