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Nº 5759
Opinião

Jogo sujo

A dois dias de reunir o congresso que vai eleger o novo presidente, a FIFA – a poderosa entidade que controla o esporte mais popular do planeta – foi abalada pela prisão de sete dirigentes de várias nacionalidades. Eles teriam aceitado subornos de empresa

Por | Edição do dia 28/05/2015 - Matéria atualizada em 28/05/2015 às 00h00

A dois dias de reunir o congresso que vai eleger o novo presidente, a FIFA – a poderosa entidade que controla o esporte mais popular do planeta – foi abalada pela prisão de sete dirigentes de várias nacionalidades. Eles teriam aceitado subornos de empresas de marketing desportivo para, em troca, lhes concederem direitos comerciais e televisivos de competições organizadas pela entidade. Segundo a justiça americana que determinou as prisões, os suspeitos teriam participado de um esquema para enriquecer através da corrupção no futebol internacional, que já durava 24 anos. Para muita gente, entretanto, a notícia não trouxe nenhuma surpresa. Nos últimos anos, a entidade vem sofrendo acusações de corrupção. De acordo com as denúncias, tanto a Fifa quanto a CBF, responsável pelo futebol no Brasil, teriam se tornado um grande balcão de negócios, no qual são firmados acordos bilionários, que envolvem direitos de transmissão e materiais esportivos. Um grande jogo de bolas marcadas, cujo palco principal são as Copas do Mundo. Um Mundial gera bilhões de dólares em receita. As prisões de ontem e a investigação da justiça americana lançam ainda mais dúvidas sobre a transparência e honestidade do processo de escolha nos últimos torneios. Outras revelações devem vir à tona em breve, pois a investigação estaria apenas começando. O fato é que a corrupção no futebol não pode ser vista como um problema isolado. Há muito tempo os interesses econômicos têm superado qualquer valor ético no esporte, desde que o futebol se transformou num negócio de bilhões de dólares. Por isso, o dinheiro conta mais do que qualquer aspecto, e a ética acaba subordinada ao mercado. A boa notícia é que, após décadas de “corrupção descarada” – nas palavras da promotora americana Kelly Currie – o futebol profissional parece ganhar a chance de um novo começo, para que suas instituições façam uma vigilância honesta e apoiem esse esporte tão apreciado mundo afora por pessoas de todas as idades, credos, classes sociais e religiões. É fácil controlar o futebol dentro de campo. Para isso, existem os árbitros e as regras, facilmente assimiláveis por jogadores e torcedores. Fora das quatro linhas, entretanto, não há limites nem juízes. Pelo menos não havia até agora.

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