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domingo, 06/07/2025 | Ano | Nº 6004
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OPINIÃO

As plataformas digitais e a fadiga

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Quem nunca sentiu uma sensação de alívio ao encerrar uma aula, ou reunião virtual pelo agora tão popular Zoom? A maioria das pessoas se identifica com essa espécie de exasperação. Já circula uma expressão em inglês para esse momento: “Zoom Fatigue”.

Justifica-se essa fadiga, porque não há naturalidade em preparar, coordenar, ou participar de uma aula ou reunião virtual; e a sensação final é de cansaço. Mesmo sabendo que estamos interagindo com pessoas reais, estamos olhando para uma tela. Uma sobrecarga sensorial e cognitiva traz muita fadiga e está sujeita a distorcer a maneira com que percebemos a realidade, podendo até interferir na nossa capacidade de pensar. Nossa habilidade de conhecer, absorver, manipular, avaliar e reter uma informação de maneira consciente. Essa repentina aceleração na transformação de técnica educacional acompanha-se de desgaste emocional e físico.

Outra preocupação é a de poder acordar um dia e ver que sua atividade como professor tornou-se obsoleta. Alvin Toffler (1970) aponta uma resposta humana ao choque com novas tecnologias quando o indivíduo promove um retorno obsessivo a bem-sucedidas rotinas de adaptações anteriores que agora são irrelevantes e inadequadas. Quanto mais ameaçado pela mudança, mais se apega ao passado. As novas tecnologias causam um constante retorno às glórias do passado. Todo o cuidado é pouco ao adotarmos novas tecnologias importantes, no sentido de não permitir que o choque gerado pela ansiedade e preocupação atue a favor da insensibilidade e desumanização. Nas relações presenciais, existe uma adequada leitura corporal, há uma simultânea vivência de tempo e espaço. No ensino digital, o tempo pode ser o mesmo, mas o espaço é diferente. Uma pessoa pode estar participando da reunião na cozinha, outra no escritório, outra ainda no automóvel, cada uma em um contexto social e emocional completamente diferente o que dificulta ao orador ler com precisão os sinais de quem está interpretando as mensagens e todos estão aprisionados num pequeno quadrado ditado pelas câmeras em uma total desconexão e artificialidade.

Para além de modificar uma técnica de ensino, há necessidade de mudar a nossa forma de viver. Isso é algo que geralmente desejamos para os outros, não para nós mesmos.

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