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quinta-feira, 10/07/2025 | Ano | Nº 6007
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OPINIÃO

Olimpíadas sem mitos

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Com emoção, assistimos nordestinos (uma adolescente do Maranhão, prata no skate, um potiguar, ouro no surf, a sertaneja Marta suando, a prata de Rebeca Andrade na ginástica artística e, em comum, as suas origens humildes, traduzidas em canção do Chico Buarque (“Eu que penso em minha gente/E sinto assim/Todo o meu peito apertar”), Mayra Aguiar e a sua terceira medalha olímpica no judô, esporte onde as “falsas entradas “, as fakes, são penalizadas imediatamente e se evita celebrar a vitória em respeito ao adversário vencido.

Os Jogos Olímpicos são um escape momentâneo da cólera das manifestações antidemocráticas, das ameaças de golpes extremistas e do ódio nas fakes dos radicais na internet. Coubertin, criador das Olimpíadas modernas, acreditava que o esporte uniria as nações e evitaria guerras na conturbada Europa da passagem do século XIX para o XX. Bendita ingenuidade, mas que aclama, sobretudo, o mérito. A mitologia grega diz que o seu criador foi Hércules, por volta de 2.500 a.C. Ao limpar as estrebarias do rei Augias, depois de 30 anos acumulando esterco, ele teria homenageado o seu pai, Zeus, com os jogos. Também dizem que foi no século VII a.C, na Grécia Antiga, mas permanece a meritocracia como a premiada, obtida com treinamento, foco, suor e perseverança extremos, essa a maior virtude dos atletas olímpicos, uma elite mundial, que mesmo, sem ganhar medalhas, chegou lá. Ganhando ou perdendo, o respeito ao adversário é a regra. É o espírito olímpico, consagrado na magnanimidade, uma qualidade que eleva os bafejados ao pódio da grandeza humana. Magnanimidade é o respeito e a empatia com os vencidos, ao invés de ódio, a compaixão e a conciliação com os derrotados. Ela necessita ser sincera e vir de cima, do vencedor. Os vitoriosos em Tóquio chegam lá pela superação pessoal perante desafios desumanos. Jamais conseguiriam por privilégios pessoais, por ser filho ou protegido de quem está no poder e ganhar um posto para o qual não se esforçou nem está preparado.

O brasileiro humilde, ao madrugar para pegar um transporte público superlotado, em plena pandemia, ao sobreviver com sua família com apenas um salário mínimo, ao suportar as longas filas nos postos de saúde e nos hospitais, ao enfrentar o desemprego elevado, “Vai em frente/Sem nem ter com quem contar”, como está na canção do Chico. Ao vencer o negacionismo e as fake news propagados pelo governo, eleito pódio em desinformação com cloroquina e antivacinas, e ao acreditar na ciência, nas vacinas e buscá-las com sacrifício digno de ouro no pódio mundial, ele vence olimpíadas diariamente, ele é vitorioso ao acreditar que a democracia, com o seu voto, é a sua única opção para sanear e renovar as estrebarias do Planalto a cada quatro anos, até porque Hércules não existe, é apenas um mito, uma fake News.

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