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Opinião

DEFASAGEM

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Por Editorial | Edição do dia 04/08/2021 - Matéria atualizada em 04/08/2021 às 04h00

De com a nova versão do Anuário da Educação, que traça um raio-X do ensino no Brasil, em 2020, primeiro ano da pandemia que causa a suspensão das aulas presenciais, estados e municípios investiram em educação R$ 21 bilhões a menos do que no ano anterior. O corte nos municípios foi de R$ 10 bilhões, enquanto os estados deixaram de aplicar R$ 11 bilhões.

Dirigentes Municipais de Educação atribuem a queda dos recursos aplicados ao fechamento das escolas na pandemia. Professores temporários foram demitidos e gastos com custeios caíram. Já os secretários municipais alegam que houve, em alguns casos, a retirada do pagamento dos aposentados da conta da educação. De qualquer forma, os efeitos da pandemia na educação são devastadores. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendada pela Fundação Lemann, mostra que a educação brasileira pode retroceder até quatro anos nos níveis de aprendizagem devido à necessidade de suspensão das aulas presenciais na pandemia, com a agravante da dificuldade no acesso ao ensino remoto.

Em um cenário de interrupção das aulas presenciais, o aprendizado dos alunos depende do acesso ao ensino remoto e esse acesso é desigual no Brasil. Esse é considerado o pior cenário, em que os estudantes não teriam aprendido o conteúdo durante o ensino remoto. O impacto é maior entre negros e alunos com mães que não concluíram o ensino fundamental. Além disso, faltou mais investimento na formação de professores, para que o ensino remoto fosse mais eficiente. Essas deficiências afetaram mais fortemente os menos favorecidos. Dessa foram, tornam-se urgentes esforços para mitigar essa perda e garantir o acesso a um ensino de qualidade a todos, a fim de a evitar a perda de aprendizado e o aumento das desigualdades educacionais. Agora, com a volta às aulas presenciais, mesmo que de forma híbrida, o problema da defasagem de aprendizado deverá ser enfrentado. É preciso, por exemplo, investir mais no ensino integral para acelerar a recuperação da educação nos próximos meses. Será um processo lento, mas fundamental.

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