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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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O outubro rosa

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Era outono dos anos 90, período em que as árvores do Central Parque adquirem aquela folhagem multicolorida tão inspiradora de obras musicais, cinematográficas e pictóricas. Nas suas largas avenidas, incluindo a ponte do Brooklyn, uma corrida inusitada se desenvolvia sob aplausos da comunidade. Era integralmente constituída por mulheres de todo o país, unidas por um elo comum a todas elas: eram mulheres que tinham se submetido ao tratamento de câncer de mama.

O câncer da mama é uma doença tão antiga quanto a humanidade. Remontam a Imothep, o médico que viveu no Egito antigo, 1.700 anos antes de Cristo, as primeiras referências sobre a enfermidade, contidas no papiro de Edwin Smith, o mais antigo documento médico da humanidade. A rainha turca Atossa Agatha, a linda jovem vítima da perseguição romana aos cristãos e martirizada com amputação cruenta dos seus seios e mais tarde tornada a padroeira dos mastologistas, são figuras emblemáticas dessa que atualmente é a neoplasia maligna mais frequente nas mulheres, com mais de 2 milhões de casos novos ao ano no mundo. Durante séculos, o tratamento do câncer de mama baseava-se na sua amputação. Foram os estudos clínicos controlados realizados por Umberto Veronezi no Instituto de Câncer de Milão, Itália, nos anos 80, depois repetidos globalmente com similar êxito, que demonstraram que uma cirurgia menor, mantendo os seios (conservadora) e associada à radioterapia, obtinha os mesmos resultados, aperfeiçoados posteriormente com a quimioterapia. Com o desenvolvimento do primeiro mamógrafo pela CGR francesa, em 1965, e a aquisição de dois deles pelo Brasil, em 1971, a Medicina iniciou a detecção desses tumores por imagem antes mesmo de serem palpáveis. Atualmente, mamografias de alta qualidade diagnosticam os tumores de mamas femininas ainda iniciais, impalpáveis e curáveis. As políticas de saúde pública, inclusive as campanhas de controle do câncer uterino e de mama só se tornaram efetivas e amplas no Brasil com o advento do SUS, em 1988, e da redemocratização do País, com mamografias disponíveis em larga escala e acesso das mulheres aos tratamentos oncológicos, que necessitam contínuas atualizações. Em oncologia nunca se trata um paciente fora dos protocolos internacionais oficiais, um oncologista respeita a Medicina Baseada em Evidências. Precisamos fazer o diagnóstico precoce do câncer de mama e salvar vidas: a informação correta é fundamental e a participação da sociedade como as voluntárias da Rede Feminina de Combate ao Câncer é essencial em sua dedicação, solidariedade e doação ao próximo. O Outubro Rosa é uma competição pela vida e pela dignidade da mulher, ele nasceu daquela corrida de Nova Iorque quando as folhagens multicoloridas das árvores do Central Parque se renovam a cada ano, como a demonstrar que a vida se revigora com lastro no amor, na solidariedade e na esperança.

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