Opinião
Mestre Aurélio e nossa Academia
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Nossa querida Academia Alagoana de Letras acaba de completar 102 anos de vida. E Aurélio Buarque de Holanda foi um dos seus grandes componentes. Ele é um alagoano de prestigio nacional conquistado principalmente, através do seu conhecidíssimo Dicionário. Ele nasceu em 1910, em Passo de Camaragibe, e já aos 15 anos, demonstrando grande interesse pela língua portuguesa, ingressou no magistério. Foi professor de Português, Literatura e Francês no Colégio Estadual de Alagoas e logo depois diretor da Biblioteca de Maceió.
Em 1938, querendo realizar seus sonhos, partiu para o Rio de Janeiro, onde atuou com destaque na imprensa carioca e centros literários, até que lançou o seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de grande aceitação nacional. Aurélio faleceu no dia 28 de fevereiro de 1989 no Rio de Janeiro, terra que lhe abriu os braços em sua caminhada cultural. No seu livro Destino, Humberto de Campos fez referências a um conto oriental, em que uma ave gigantesca, chegada a velhice, voa para o ponto mais alto da montanha onde fizera o seu ninho, e de lá deixa rolar as suas penas, como último tributo à vida. Assim, são os homens que gostam e vivem das letras. Quando de si tudo deram e a vida nada mais tem o que lhes oferecer, deixam como espelhos vivos de suas ideias e filhos diletos de seus sentimentos, os livros que escreveram, por que serão eles a presença de sua vida sentimental. A Academia Alagoana de Letras, pelo dinamismo e entusiasmo do seu saudoso ex-presidente Dr. Ib Gatto Falcão, projetou, assim, de forma nacional, essa figura notável de nossa literatura, como estímulo aos jovens universitários e professores, instituindo o “Prêmio Nacional de Literatura Aurélio Buarque de Holanda”, com o patrocínio da Braskem. Era o ano de 2006 e tive o imenso prazer de participar na organização desse concurso. Foram incontáveis os candidatos inscritos brasileiros. Dizem que todo homem é filho de suas obras. Certamente todos nós um dia seremos alguém que passou. Todo homem é um lavrador que planta e colhe, e cada um colhe o que plantou. Aurélio Buarque assim como Jorge de Lima, Pontes de Miranda, Graciliano Ramos e tantos alagoanos ilustres, plantaram a boa semente e aí estão os frutos dos seus sonhos espalhados pelo Brasil. Os devotos das letras e das artes sonharam e ainda sonham com a evolução cultural das letras e das artes no Brasil. Não lhes importa a presença física transitória; se hoje estão aqui, amanhã estarão ausentes. Mas as suas ideias, as suas palavras, as suas criações, ficam como mensagens perenes de suas emoções, de suas letras, interiorizadas nas suas criações. Atualmente, Dr. Rostand Lanverly, seu atual presidente, muito dinâmico e entusiasmado pela cultura da juventude brasileira, procura difundir os alagoanos ilustres do passado para que eles sirvam de exemplos aos jovens brasileiros que desejam um país grandioso e culto.