Focos de aten��o
Segunda-feira, 10 de maio, os holofotes da mídia brasileira estavam focados em vários temas importantes, como a permanente crise de segurança no Rio de Janeiro e as repercussões da polêmica matéria do New York Times sobre suposto excesso de bebida no Plan
Por | Edição do dia 12/05/2004 - Matéria atualizada em 12/05/2004 às 00h00
Segunda-feira, 10 de maio, os holofotes da mídia brasileira estavam focados em vários temas importantes, como a permanente crise de segurança no Rio de Janeiro e as repercussões da polêmica matéria do New York Times sobre suposto excesso de bebida no Planalto. Esses temas, efetivamente importantes, roubaram a cena de declarações feitas pelo vice-presidente da República, José Alencar. Empresário e crítico contundente da política econômica do governo federal, o vice-presidente retomou seu habitual caminho de críticas e afirmou que a política fiscal brasileira é irresponsável e que o País está sendo depauperado pelas taxas de juros. Disse mais o vice-presidente: Temos taxas de juros estratosféricas para atrair o capital financeiro especulativo. Isso nos leva a uma política fiscal irresponsável, na medida em que o custo da dívida pública extrapola muito o superávit, não obstante os níveis exagerados deste. O Estado brasileiro não está quebrado. Ele está, sim, sendo depauperado pela alta taxa de juros, que gera custos de juros antissociais, incompatíveis com as funções de um Estado democrático. As declarações foram feitas durante palestra em um seminário aberto ao público e à imprensa, evento esse realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília. Não são novidades essas análises; na verdade, são constatações que datam dos primórdios do atual governo e que vêm sendo repetidas há tempos para ouvidos governamentais surdos a essas considerações. As idéias explicitadas pelo vice-presidente da República não lhes são exclusivas, nem mesmo essa autoridade foi a pioneira em assestar essas cruciais opiniões. Entidades empresariais, líderes sindicais, economistas e políticos de variadas tendências vêm levantando esse problema desde os primeiros anúncios dos rumos econômicos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. E o cerne da questão é claro: ao simplesmente copiar a política econômica de seu antecessor, o atual governo está asfixiando o País, cassando-nos o direito (e o dever) de crescer economicamente e de buscar o desenvolvimento social. Mesmo repetitivas essas críticas merecem cada dia mais redobradas atenções; merecem estudos, propostas. Merecem que lhes sejam dirigidos os focos da mídia.