Opinião
O VALOR DO AFETO
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Os afetos sinceros e espontâneos, sobretudo das crianças, impulsionam nossas vidas, positivamente.
Chegando, há duas semanas, da Europa, meus netos caçulas Kayan e Marina, de 10 e 8 anos respectivamente, foram, como sempre, com meu filho Ricardo me abraçar. Após envolventes beijos e abraços, eu lhes digo: a vovó trouxe uma lembrancinha para vocês. Imediatamente me responde Kayan: “Não precisava vovó; você chegar já é o melhor presente”. Encantei-me! Lembrei-me da sabedoria de Gonzaguinha quando diz em sua canção: “Eu fico com a pureza da resposta das crianças”. Kayan fez minha alma sorrir! A ingenuidade das crianças faz com que elas se expressem com honestidade e transparência. Ocorreu-me a maestria das palavras de Clarice Lispector, que tão bem resumiu: “A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade”. Os afetos têm a propriedade de se multiplicar e gerarem muitas alegrias em nosso viver. E, na mesma canção, Gonzaguinha interroga com muita propriedade: “E a vida, e a vida o que é? / Diga lá meu irmão / Ela é a batida de um coração? [...]é o sopro do Criador numa atitude repleta de amor [...]somos nós que fazemos a vida, como der, ou puder, ou quiser, e finaliza dizendo: “É a vida! É bonita e é bonita”. Quanta inspiração e quanta beleza! Fiquei refletindo a verdade expressa no talento do autor da canção: “Somos nós que fazemos a vida...” Sim, na vida nós fazemos nossas escolhas! Só colhemos o que plantamos. Acredito que nossa vida é fruto de nossas decisões. Há um provérbio chinês que resume essas atitudes: “Podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos”. Benjamin Disraeli, pensador britânico, disse: “A vida é muito curta para ser pequena”. E eu ouso acrescentar: alongue-a com alegria, otimismo e afeto.
Continuei ponderando e lembrei-me de um fato que me marcou: há alguns anos, fui a um funeral de uma grande amiga de minha mãe, uma senhora idosa de 94 anos. O lugar em volta do ataúde era disputado, carinhosamente, pelos filhos, netos e bisnetos, que abraçados choravam silenciosamente. A tristeza confundia-se com afeto. O amor estava no ar. Não tive dúvidas de que aquela cena era fruto de décadas de muito carinho e cumplicidade.
O mundo necessita, cada dia mais, de afeto. Precisamos fazê-lo se avolumar e se expandir... Admiro Fernando Pessoa, em um dos seus raros momentos de otimismo, quando diz: “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”. A vida é curta para o desafeto e para o desamor. Viva espalhando amor. Só assim você poderá conhecer O Valor do Afeto.