Editorial
Cautela

A decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 15% ao ano reflete um cenário de cautela diante das incertezas que pairam sobre a economia brasileira. O movimento era esperado pelo mercado, que já antevia uma pausa no ciclo de altas após os sucessivos aumentos desde setembro de 2024. No entanto, a permanência da Selic em patamares elevados traz consigo impactos significativos para o País, tanto no curto quanto no médio prazo.
Os juros altos são um instrumento para conter a inflação, mas seu custo é sentido por toda a economia. O crédito fica mais caro, desestimulando investimentos e o consumo das famílias, o que pode frear o crescimento. Empresas enfrentam dificuldades para expandir seus negócios, e o endividamento público se torna ainda mais oneroso, pressionando as contas do governo. Além disso, o cenário externo agravado pelas tarifas impostas pelos EUA exige ainda mais prudência, já que medidas protecionistas podem afetar as exportações e a confiança dos investidores.
O Banco Central sinaliza que manterá a taxa estável por um “período bastante prolongado”, mas é preciso atenção aos riscos de um estrangulamento da atividade econômica. O desafio, portanto, é equilibrar o controle da inflação com medidas que estimulem a retomada sustentável do crescimento.