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Opinião

Insensível à causa

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Por Editorial | Edição do dia 27/11/2021 - Matéria atualizada em 27/11/2021 às 04h00

A última quinta-feira foi marcada por atos no Brasil e no mundo, em razão da passagem do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. O Congresso Nacional realizou sessão solene para fortalecer a luta.

Instituída pela ONU, a data homenageia as irmãs Mirabal, covardemente assassinadas pela polícia secreta do ditador Rafael Leónidas, da República Dominicana, em 25 de novembro de 1960. Estimativas divulgadas pela Organização Mundial de Saúde dão conta de que uma, em cada três mulheres no mundo, sofreu na vida violência física e/ou sexual, principalmente por parte do parceiro masculino, responsável por 38% dos assassinatos. No Brasil, em 2020, uma mulher foi morta a cada sete horas, sendo que mais da metade das vítimas perdeu a vida em casa. A agressão ocorreu pela condição de gênero, caracterizando o feminicídio, conforme aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em Alagoas, os dados relativos à violência contra a mulher depõem contra o histórico do governo Renan Filho. Estatísticas divulgadas pela USP e Fórum Brasileiro de Segurança Pública posicionaram o Estado, ao lado do Acre, em 2019, como os dois mais violentos do Brasil. Pelo Atlas da Violência, ainda é escancarada outra realidade cruel em Alagoas: 99% das mulheres assassinadas em 2019 eram negras e em condição de maior vulnerabilidade social. O estudo recomendou políticas públicas voltadas para o combate ao racismo e à discriminação. Recentemente, o jornal Folha de S. Paulo destacou dados referentes ao ano passado, quando Alagoas apareceu como campeão entre os demais Estados nordestinos que mais registraram feminicídios por 100 mil habitantes. A Gazeta já externou seu ponto de vista acerca da falta efetiva de ações do governo Renan Filho em defesa da mulher, que também se sente desencorajada para denunciar seu agressor, beneficiário da impunidade gestada pelo medo. As delegacias especializadas em Alagoas não funcionam 24 horas nem estão disponíveis em horários e dias críticos, quando as agressões costumam acontecer. Diante da realidade real, faltam também campanhas continuadas de conscientização e divulgação de fones de emergência, de modo a facilitar o mapa do caminho do acolhimento. Se o governo Renan Filho utilizasse a caneta governamental, em favor de políticas inclusivas e da causa da mulher, com a mesma sensibilidade que destina ao “clube” das betoneiras, Alagoas não figuraria nas estatísticas de maneira tão vexatória.

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