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O Luto no Natal e nas festas de Fim de Ano

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O Natal é tradicionalmente um evento de partilha, um tempo cheio de reencontros entre familiares, amigos e colegas, podendo ser também a ocasião em que as ausências se tornam ainda mais presentes, aumentando a dor da perda. O vazio acaba preenchendo o espaço dos símbolos natalinos que normalmente ocupam o lugar central da data celebrada; a luminosidade dos risos e das gargalhadas que ocupavam a casa se apagam e dão lugar às lembranças regadas pelas lágrimas, nutridas de “e se...” e “porquês”.

O luto é resultado de perdas significativas, interligado ao funcionamento psíquico. A morte de uma pessoa é uma das muitas que sentimos de tempos em tempos, incluindo: fim de amizade; término de relacionamento; notícia de doença crônica ou terminal; perda do emprego, dos planos de carreira, dos estudos, da renda, de um objeto ou local, das funções físicas e/ou mentais; a morte do animal de estimação etc. Sendo comuns os sentimentos de espanto, raiva, tristeza, negação, culpa, solidão; sintomas de ansiedade, pânico, melancolia, apatia, desinteresse e desamparo. Acarretando dificuldade de atenção e concentração, falta de apetite, humor e vitalidade – tudo oscila, ou 8 ou 80. Mas, diante da evidência da morte, quem realmente perde? Fabrício Carpinejar, reflete que quem vive morre definitivamente para quem morreu: não tenho saudade do outro, mas tenho saudade do que eu nunca mais serei para o outro; não penso no abraço ou no beijo que não poderei dar, mas que nunca mais poderei receber; não penso que não vou mais ligar ou visitar a pessoa, mas nunca mais irei ouvi-la e vê-la. A morte do outro é a nossa inexistência. Ela nos desconstrói porque deixamos de existir para alguém. Quando a dor é insuportável e o processo natural se torna mais difícil do que o habitual, prestes a causar desequilíbrio ou desenvolver transtorno à pessoa enlutada, existe um problema. É o momento de procurar apoio psicológico, encontrar ajuda profissional para compreender melhor o que está sentindo; encontrar um lugar seguro para a sua dor e descobrir significados para a sua vida. Autorizar que o movimento aconteça, sem exigência de certo ou errado, bom ou ruim, torna-se essencial; não existe padrão. A ocasião dolorosa pode levar à evolução e ter contato com a dor pode prover recursos para lidar pouco a pouco com ela, dando a sensação de diminuição do sofrimento, quando, no entanto, o ser cresce em torno da dor, adaptando-se à constante realidade. A celebração natalina e as festas de fim de ano diferirão ano após ano. Hoje quem sofre a perda, um dia será a perda de alguém. Portanto, importa construir percepções novas para essas datas, procurando formas de ressignificar os momentos onde a triste ausência seja respeitada e integrada à própria vida e à presença de quem caminha contigo.

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