Opinião
Nosso Velho Chico

São muitos e crescentes os problemas para a sobrevivência no semi-árido. Eles existem há décadas. Entre os piores, os estudiosos têm destacado os que dizem respeito à qualidade, quantidade, distribuição especial e permanência ou confiabilidade da água. As esperanças de expressiva parcela da nação brasileira que vive em vários Estados, principalmente na região nordestina, estão numa série de estudos. Sobretudo de projetos em tramitação no Congresso Nacional. Como o que institui, por um prazo de 20 anos, o Fundo para a Revitalização Hidroambiental e o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do São Francisco. O Fundo, conforme está previsto na proposta de Emenda à PEC, que acaba de ser aprovada por unanimidade, em segundo turno, no Senado, deverá ser constituído pela destinação de 0,5% do produto da arrecadação dos impostos da União, descontadas as vinculações constitucionais (saúde, educação, etc.), assim como os repasses do FPM, FPE e outros fundos. Ao defender a proposta, da qual foi o primeiro signatário, o senador por Sergipe, Antônio Carlos Valadares, lembrou a recente crise no setor energético. E disse que ela demonstrou a existência de uma fragilidade na vazão do Rio São Francisco causada por problemas ambientais, como o desmatamento, o assoreamento e a poluição, que poderão ser minimizados com os recursos desse novo Fundo. Responsável por 70% da água doce da região Nordeste, e fonte de vida também de outras regiões, o Velho Chico continua sendo destruído pela ambição, ignorância e irresponsabilidade de muitos. A sua situação seria outra, hoje, se os seus algozes não contassem com a omissão dos próprios gestores da coisa pública. As providências para a sua preservação devem ser urgentemente implementadas. Para que sejam garantidas maior oferta de água para o consumo humano, para o aumento das produções agrícolas, pesqueiras, na pecuária, e de outras atividades geradoras de emprego e renda. São medidas possíveis e que já deveriam estar sendo devidamente executadas, se boa parte das prioridades com os recursos públicos no País fosse para resolver os seus maiores e mais urgentes problemas.