Opinião
SÓ FREUD EXPLICA
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Completamos neste início de 2022 dois anos da pandemia de Covid-19. A variante Ômicron se espalha exponencialmente. Entre as crianças de 5 a11 anos acometidas pelo vírus no Brasil, a cada dois dias, uma vai a óbito. Temos 308 mortes delas até agora. Nenhuma doença prevenível por vacinas em crianças, e são inúmeras, causa tantas mortes. A Anvisa, dirigida pelo almirante Barra-Torres, liberou o uso das vacinas da Pfizer para as crianças há 30 dias, o que em uma pandemia letal é um tempo imenso, mas o Ministério da Saúde criou todos os obstáculos - consultas, audiências públicas, receitas médicas -, atrapalhando ao máximo essa fundamental imunização infantil. A única razão disso seria atender aos minoritários negacionistas que pregavam a cloroquina e são contra as vacinas. A pressão da sociedade civil, da ciência e da imprensa profissional venceu, e caso tudo falhasse e fosse provocado, outra vez o STF resolveria, defenderia a vida e a ciência.
Nesta semana completou um ano a insurreição trumpista que pretendia melar a eleição de Joe Biden. Cinco dias depois da invasão do Capitólio, Steven M. D’Antuono, chefe do escritório do Federal Bureau off Investigation (FBI) em Washington, avisou: “Nossos agentes vão bater na tua porta”. Até agora bateram numas mil portas e prenderam ou indiciaram 724 pessoas de 45 estados americanos. Abriram 170 investigações e partiram da análise de 100 mil peças de comunicação digital com detalhes minuciosos. Boa parte da turma que arrombou janelas foi alcançada. O palhaço vestido com roupa de bicho e chifres na cabeça foi capturado em abril e pegou 41 meses de prisão. Havia tudo naquela multidão: jovens, velhos, famílias, veteranos de guerra, pastores, policiais (alguns pastores policiais), professores e malucos fantasiados, todos movidos pela realidade paralela instigada pelo presidente Trump. Até agora, o FBI só pegou peixe pequeno, mas todos sabem que Trump foi o comandante. Nos EUA do eficiente e independente FBI, o recorde diário de casos diários de Covid-19 supera 1 milhão, 90% dos quais são não vacinados, mesmo tendo vacinas em fartura. Eles são os mesmos extremistas que invadiram o Capitólio e seus seguidores negacionistas que conspiram contra a democracia mais consolidada do planeta. Aqui, finalmente, vencido em suas exigências absurdas, restou ao Ministério da Saúde assustar os pais das crianças, criando-lhes dúvidas e insegurança, omitindo propositalmente que as vacinas foram inventadas antes dos antibióticos, da anestesia, do RX, dos antidepressivos e dos antipsicóticos. E as vacinas sempre foram mais seguras e eficientes de que todos eles. A vida humana não tem importância para esses negacionistas/extremistas, mas se eles têm filhos ou netos, e mesmo assim são inconsequentes e irresponsáveis, só Freud explica.