Opinião
Novo Ensino Médio: otimismo, mas sem ignorar os desafios
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No Novo Ensino Médio – com implantação gradativa a partir de 2022 – há, sim, motivos para um elevado otimismo. Quer para o ingresso do discente em uma boa universidade, quer para uma preparação técnica e profissional, no Novo Ensino Médio serão oferecidos conteúdos mais relevantes, motivadores e consentâneos com os tempos atuais. Ademais, haverá uma ampliação da carga horária de 800h para 1.000h em cada série, sendo Matemática e Português contemplados obrigatoriamente ao longo dos três anos. As habilidades e competências socioemocionais (sendo o Projeto de Vida um importante representante) passarão a ser muito mais estimuladas, fazendo parte de uma matriz curricular com 60% do tempo (de um total de 3.000h) dedicados à Formação Geral Básica (FGB), comum a todos, e 40% dedicados a cinco Itinerários Formativos (IF), podendo o aluno optar entre Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais ou Formação Técnica e Profissional. O IF de Formação Técnica e Profissional, em especial, tem a sedução do ingresso mais rápido no mercado de trabalho ou mesmo de melhorar a capacitação para uma função laboral já exercida. Necessitamos, sim, de colégios que mantenham um bom preparo para o ingresso em universidades mais concorridas, porém é absolutamente necessária a ênfase aos cursos técnicos, que ao privilegiarem uma aplicação prática atendem a um expressivo contingente de alunos. Nada é mais relevante para o Novo Ensino Médio que uma boa capacitação de nossos professores, que deve ser contínua como em todos os países com bom desempenho nos rankings internacionais. O professor tende a ser mais do que nunca exaltado, porém não mais como um expositor de conteúdos, mas sim transfigurado em mediador, mentor, motivador. Igualmente, deve-se aprimorar a capacitação dos gestores escolares. Conquanto tenhamos nas últimas décadas um Ensino Médio em patamar ignominioso (comprova-se pelos resultados do IDEB e mensurações internacionais como o Pisa), de quem foi a responsabilidade por essa quase tragédia nacional? Do governo, dos pais, dos professores? Em parte, sim. Mas também de uma parcela de nossos jovens e adolescentes, hedonista e acomodada, na qual a 1ª lei a ser revogada é a que impera: a do mínimo esforço.