Opinião
DIQUE-ESTRADA – 40 ANOS
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A geografia atual de Maceió se distancia muito da existente na ocupação do seu sítio inicial – voltado para as suas águas -, quando o núcleo da futura cidade começava a se esboçar.
Maceió nasceu entre o mar e laguna Mundáu e a proximidade com esses corpos aquáticos se estendeu fortemente até a segunda metade do século XX, definindo uma urbe muito relacionada ao espaço natural. A partir da década de 1970, no entanto, a cidade passou por algumas intervenções urbanas que mudaram a relação dos moradores com essas águas e reconfiguraram o espaço físico da cidade. Dentre elas, ocorreu a construção do Dique-Estrada, inaugurada em 14 de março de 1982. A cidade presenciou alterações significativas no espaço urbano, a partir da sua implantação, com a incorporação de ilhas lagunares ao território, por meio de aterro hidráulico. 202 hectares foram acrescidos à cidade, equivalente a cerca de 202 campos de futebol. Uma orla continua foi criada interligando cinco bairros, o que a tornou a área da laguna de maior visibilidade para o maceioense. Esse ganho territorial, sem uma ocupação maciça da área pelo poder público e o contexto de grande dificuldade econômica do país e de Alagoas na década de 1980, suscitou uma demanda populacional de baixa renda para a região. A sua beleza e exuberância naturais se esvaíram como consequência da ocupação das suas margens e a proliferação de problemas sociais e de infraestrutura e a degradação do espaço, levando a cidade a um distanciamento em relação à região. Quarenta anos se passaram. Algumas ações foram empreendidas para reverter a situação e resolver as precariedades existentes. A maioria, com insucesso, por uma descontinuidade de ações capazes de sustentar o esforço realizado. Novas tentativas estão em curso. Que se aprenda com os erros anteriores e o Dique-estrada, rebatizado de Orla lagunar, a partir do final dos anos 1990, vincule de forma proativa a laguna à cidade – resgatando esse importante elemento natural ao Paraíso das águas.