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Nº 5759
Opinião

Imposi��o do tr�fico

GILBERTO IRINEU * A crescente ampliação e instalação de “bocas-de-fumo” na periferia de Maceió evidencia a fragilidade dos aparelhos policiais; restringe forçadamente a circulação dos cidadãos e por conseqüência os espaços de cidadania que foram abertos

Por | Edição do dia 17/04/2002 - Matéria atualizada em 17/04/2002 às 00h00

GILBERTO IRINEU * A crescente ampliação e instalação de “bocas-de-fumo” na periferia de Maceió evidencia a fragilidade dos aparelhos policiais; restringe forçadamente a circulação dos cidadãos e por conseqüência os espaços de cidadania que foram abertos pela nova Constituição; legitima a fluidez e disseminação generalizada das drogas e do tráfico, configurando-se em um ousado estado paralelo. Esta situação, por si só, é critério para medir a segurança, a moralidade, enfim, a efetivação ou a negação da Ordem Democrática. A democracia não se realiza, de fato, quando a insegurança se sobrepõe à paz social. A tranqüilidade de ordem é fruto da justiça, da punidade. Nesse con-texto, podemos afirmar que as condições de existên-cia que propiciaram essa extrema degradação pessoal e social em que se encontram tantos jovens cidadãos decorreram direta ou indiretamente das opões políticas, econômicas e sociais que orientaram nas últimas décadas a vida alagoana e que continuam refletindo nos lares das famílias do nosso Estado. Nesse sentido, muitas comunidades ribeirinhas da Lagoa Mundaú tornaram-se “reféns do silêncio”, diante das canoas que chegam abarrotadas de maconha para abastecer as “bocas-de-fumo”, estas, cristalizadas e mapeadas territorialmente na periferia. Entre estas, podemos evidenciar algumas “bocas” que comumente fazem cumprir o “toque de silêncio” como por exemplo, traficantes que circulam diuturnamente com metralhadoras nas imediações do Conjunto Frei Damião, terminal rodoviário, e reúnem seus comparsas, perto da padaria do conjunto para confabular, trocar experiências, amedrontar e recrutar novas crianças e pré-adolescentes para inserir no mercado irregular do tráfico, serem promovidos como “mulas”, “aviões”, “ponteiros” e, futuramente, tornar-se um famoso traficante com a sua própria base. Nessa bocada, o que vem chamando a atenção daquela comunidade é a presença contínua de viaturas em casa de traficantes, altas horas da noite. A comunidade indefesa e insegura clama pelo desarmamento, pede às autoridades que combatam o tráfico de drogas, armas e insiste no monitoramento da venda legal das armas, que também está contribuindo para alicerçar os caminhos do crime. “Nós não estamos armadas, os criminosos sim”, desabafa uma mãe, que perdeu o filho para os traficantes. (*) É ADVOGADO E PRESIDENTE DA COMISSÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - OAB

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