Uma paz necess�ria
JOSÉ MEDEIROS * A Basílica da Natividade, em Belém, local histórico onde Jesus nasceu, foi invadida por militantes palestinos, armados, e cercados por tanques e tropas de Israel. Uma cena que provocou arrepios nos cristãos. Belém é um dos sítios sagrados
Por | Edição do dia 17/04/2002 - Matéria atualizada em 17/04/2002 às 00h00
JOSÉ MEDEIROS * A Basílica da Natividade, em Belém, local histórico onde Jesus nasceu, foi invadida por militantes palestinos, armados, e cercados por tanques e tropas de Israel. Uma cena que provocou arrepios nos cristãos. Belém é um dos sítios sagrados do Cristianismo, lembra o encontro do divino com o humano, do eterno com o temporal, da história de um nascituro filho de Deus com a realidade brutal de uma região em guerra. Metade da humanidade considera Belém como um de seus lugares sagrados, de peregrinação, preito e devoção; temeu ver ensangüentada a manjedoura do Messias, como palco de atrocidades. A ação militar israelense matou e massacrou palestinos, em nome do combate ao terrorismo. A vingança foi olho por olho, dente por dente. Do lado palestino, constitui-se um triunfo matar israelenses, inimigos religiosos históricos, invasores de seus territórios opressores de sus vidas. Recentemente, uma jovem palestina, de 16 anos, estudiosa, boa filha, noiva, de casamento marcado, detonou uma bomba que levava presa ao corpo, na porta de um supermercado, em Jerusalém. É o cultivo do ódio na Terra Santa. Ela foi saudada, em Belém, como a Joana DArca palestina. O ódio entre palestinos e judeus vem sendo cultivado, ampliado e ensinado nas cartilhas escolares como norma da região. O sangue de gerações vem sendo derramado há mais de um século. Quando a ONU se decidiu pela criação de um Estado Palestino parecia que novos acontecimentos tomariam caminho certo. Ledo engano. O general linha dura que dirige Israel tomou de assalto, a ferro e fogo, cidades que formam o frágil país da Autoridade Palestina. Numa versão livre, relato pequeno história que lembra a indiferença e o isolamento egoístico e vários países que se julgam juízes do mundo, mas pouco fazem para apressar o processo de paz no brutal conflito palestino-israelense. Vejamos a história: a casa da esquina está queimando, mas deixa pra lá! Está longe, não vai nos tingir. Meia hora depois, o fogo chega à residência do vizinho, mas qual o quê, nossa casa resistirá, é bem construída em pedra e cimento. De repente, o fogo entra sala a dentro e tudo queima de forma avassaladora. Moral da história: poderia ter-se juntado, solidariamente, à vizinhança no combate ao incêndio, mas não o fez; e agora está diante do irremediável. Israel e a Palestina estão longe, mas essa crise pode atin-gir o mundo inteiro. Bombas atômicas e armas nucleares estão em poder de países muçulmanos fundamentalistas, fanáticos, que não hesitarão em utilizá-las. Uma situação explosiva, pura nitroglicerina. O que se vê hoje pode não ser a realidade de amanhã. É um jogo de xadrez, com xeques-mates imprevisíveis. Diálogo, entendimento, conversações de paz que vençam intolerâncias e ódios são o desejo da consciência cristã em qualquer parte do planeta. Isso é possível. Só o tempo dirá. Vale repetir palavras de sabedoria: Se sonho sozinho, é só um sonho; mas se o sonho é de muitos, pode ser início de paz, de promissora realidade. (*) É MÉDICO