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Nº 5700
Opinião

Precisamos ressignificar o envelhecimento

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Por Leci Maria Soriano Bobsin Corrêa. Psicóloga clínica e especialista em psicanálise e saúde mental | Edição do dia 01/06/2022 - Matéria atualizada em 01/06/2022 às 04h00

Segundo a Organização Mundial da Saúde é considerada idosa qualquer pessoa a partir dos 60 anos de idade, porém, é importante ressaltar que tal constatação é avaliada segundo o envelhecimento fisiológico, o que não impede uma pessoa de ser social e intelectualmente ativa.

Dados recentes publicados pelo IBGE evidenciaram que a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos anos e ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). O Brasil está ficando velho e precisamos unir esforços com cuidados de previdência e saúde, além de repensarmos nossas atitudes, conceitos e preconceitos sobre o envelhecimento.

A discriminação contra pessoas mais velhas tem nome e chama-se etarismo. Este termo foi usado pela primeira vez pelo médico gerontologista Robert N. Butler e é muito pouco utilizado em nossa sociedade. É um tipo de preconceito semelhante ao racismo e a homofobia, não sendo aplicado somente aos idosos, mas a qualquer faixa etária, como crianças, adolescentes e adultos.

Enfrentar o estereótipo da faixa etária estabelece uma nova compreensão do envelhecimento por todas as gerações sobre essa fase da vida. A compreensão precisa contrariar conceitos enraizados, arcaicos e desatualizados de que as pessoas senis são ‘um peso’, ‘um fardo’, reconhecendo a extensa diversidade de suas experiências. Garantir que os estereótipos baseados na idade sejam extintos de nossa sociedade é urgente e emergente.

O fato é que provocar discussões sobre esse assunto, bem como promover políticas públicas mais inclusivas às pessoas com 60 anos ou mais, são formas de quebrar paradigmas, dando espaço a uma mudança cultural e social. Uma transformação na maneira como enxergamos as pessoas mais velhas e suas capacidades não é somente uma questão de respeito e dignidade, mas também de saúde pública.

Ter a saúde física e mental debilitadas é comum para aqueles que atingem a chamada terceira ou melhor idade, porém, não implica necessariamente em um processo de envelhecimento infeliz. Sendo assim, adquirir novos aprendizados, tarefas e ocupações, planejar o futuro, fortalecer as relações e amizades e desenvolver atividades artísticas, manuais e físicas, podem ser bons aliados nesse momento.

Ressignificar o envelhecimento é aceitar as mudanças corporais, as fragilidades funcionais causadas pela ação do tempo, os cabelos grisalhos, as rugas e as limitações físicas, sem que isso venha interferir nas capacidades criativas e produtivas daquele que chegou nessa fase da vida.

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