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Nº 5595
Opinião

Efeitos da Taxa Selic no Consumo e na Inflação: um problema econômico com soluções complexas

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Por Michel Constantino - PhD em economia, cientista e inteligência aplicada a negócios | Edição do dia 24/06/2022 - Matéria atualizada em 24/06/2022 às 04h00

Aumento de preços é um efeito que está correlacionado com o aumento de dinheiro em circulação na economia pelo lado da demanda (consumo e desejo). E também pela falta de oferta de produtos essenciais para a economia (produção e investimento).

Com a pandemia do Covid-19 tivemos a paralisação da produção em todo o mundo, os produtos primários do agronegócio continuaram produzindo, mas, as fábricas de transformação desses produtos reduziram seus turnos, sua produtividade e algumas paralisaram. No início de março de 2020 até junho de 2020 tivemos os menores preços de combustíveis e produtos essenciais que já estavam produzidos e estocados no fim de 2019 e início de 2020 pela baixa demanda. Como o foco estava na indústria da saúde, aos poucos esquecemos dos processos produtivos que permitiram aumento de oferta e concorrência no mercado. A economia do consumo retornou no final de 2021 aos patamares pré pandemia, e, a oferta dos produtos ainda estava em ritmo de pandemia, com fábricas lentas, produção acumulada e falta de insumos. Essa relação de aumento do consumo mundial e falta de produção é o maior efeito nos preços desse período 2020-2022 que deve se estender por mais tempo, pois no meio da equação soma-se a guerra entre Rússia e Ucrânia que aumentou as restrições de produção, investimento, consumo e mercado internacional, aumentando custos de uma produção aquém do consumo atual. Para combater o aumento dos preços no Brasil, o responsável pela política monetária age a partir do seu mecanismo de controle e (des)incentivo. O Comité de Política Monetária - Copom usa a taxa de juros do mercado para desincentivar a alta nos preços, a partir de efeito secundário que chamamos de “custo do dinheiro”. Ao aumentar a taxa de juros Selic, o Copom permite que todo mercado financeiro aumente suas taxas de juros, seja para financiamento, empréstimo, rotativos, investimentos e créditos que possuam taxa de retorno. Esse aumento das taxas provocará um aumento no valor dos financiamentos, que implicará em parcelas mais altas e desincentivo para compra dos imóveis, carros, empréstimos e outros créditos possíveis. Com menos dinheiro em circulação, a tendência é que a demanda diminua, ou seja, a compra de investimentos, imóveis, automóveis e outros produtos e serviços ligados a crédito caiam e os preços comecem a ser reajustados para baixo, com objetivo de equilibrar o mercado. Esse tipo de movimento desencadeado pela Selic mais alta, reduz a atividade econômica, e influencia diretamente no consumo. Na última reunião de junho, o Copom sinalizou uma paralisação dos aumentos, prevendo que a inflação, que começou a perder força em maio, continue diminuindo ao longo dos meses, e, em 2023 volte próximo à meta do Banco Central. O grande problema da Taxa Selic, é, que ela impacta na demanda e não na oferta, e temos os dois problemas ao mesmo tempo, que para o ministério da economia deve ser amenizado com a redução de impostos, que estimula a produção e a importação, aumentando a oferta interna e reduzindo preços.

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