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Nº 5822
Opinião

Educação, religião e PF

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Por Marcos Davi Melo - médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 25/06/2022 - Matéria atualizada em 25/06/2022 às 04h00

A religião foi uma base de sustentação durante a longa pandemia de Covid-19. Os evangélicos retornaram para seus templos tão logo arrefeceram seus maiores temores com o vírus. Seus templos não têm imagens nem esculturas de santos, mártires ou apóstolos, pois o versículo de Isaías 40;18-20 (“Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus”) e outros 31 da Bíblia, segundo a sua interpretação, os impede disso. Para um religioso sincero, qualquer templo merece a sua devoção e o seu respeito.

Durante a pandemia de Covid-19, além da saúde pública, a educação sofreu demais, pela paralisação das escolas, a evasão escolar e alternância de 4 ministros. A educação, área fundamental, eternamente eleita como o principal entrave ao desenvolvimento e urgente prioridade nacional, na prática, carece de recursos perante seus concretos e sérios desafios.Todavia, o bilionário Fundo Nacional de Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação, é abastecido por verbas oriundas de fontes diversas, como as loterias esportivas. Entre os seus programas estão a aquisição de ônibus para transporte escolar, a merenda, a construção de creches, e o Fundo Nacional de Ações Articuladas. As verbas do opulento Fundo Nacional de Ações Articuladas são acionadas através de projetos das prefeituras que são avaliados e caso aprovados, os recursos deverão ser liberados de acordo com critérios técnicos - ou deveria ser assim. É de onde - segundo consta do atual inquérito da PF que supostamente implica pastores evangélicos, entre os quais o ex-ministro da Educação e pastor Milton Ribeiro - teriam sido utilizadas de forma irregular naquela essencial pasta. O histórico de atos ilegais no País é extenso e eles têm sido praticado independente de tendência ou partido político, mas uma razão para o seu combate permanente ser sempre indispensável.

O ineditismo atual decorre do suposto envolvimento de lideranças evangélicas, entre as ilicitudes que, com dinheiro público, desrespeitosa e sacrilegamente, teriam utilizado até Bíblias - um totem sagrado para os evangélicos, onde nem apóstolos, nem mártires ou santos podem ser representados - com imagens de potestades terrenas. A instrumentalização da religião para fins político-partidários mostra que a religião não purificou a política, fiel espelho humano. Mais uma razão para a Polícia Federal (PF) ultimamente submetida a severas críticas, mostrar sua independência e continuar cumprindo as suas atribuições constitucionais, como exemplarmente tem feito desde a restauração da nossa democracia, e pela qual tem merecido o respeito e a admiração nacionais.

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