Opinião
CONTRADIÇÕES
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Reportagem do jornalista Arnaldo Ferreira publicada na edição deste fim de semana da Gazeta de Alagoas mostra uma situação aparentemente contraditória. Enquanto as prefeituras vivem um período financeiro que pode ser classificado de confortável, com os cofres públicos turbinados pelos repasses federais especialmente em função da pandemia, boa parte da população do Estado se encontra em situação de miserabilidade.
Durante o período mais crítico da pandemia, que obrigou o fechamento de diversas atividades econômicas, gerando desemprego, o governo criou um auxílio emergencial que ajudou a minorar as dificuldades vividas pela população mais vulnerável. Com o avanço da vacinação, as atividades econômicas foram sendo retomadas plenamente, os empregos começaram a voltar, mas agora o inimigo é a inflação. O aumento generalizado dos preços está corroendo o poder de compra dos salários e agravando as desigualdades, além de aumentar os custos dos serviços. Por isso, como relata a reportagem, os prefeitos se veem às voltas com uma legião de famintos, doentes e famílias sem condições de manter em dia as contas de água, luz, comprar um botijão de gás e remédios. A situação só não pior por causa dos programas assistenciais, mesmo assim o quadro é muito grave. Diante desse cenário, não custa insistir na necessidade de o governo estadual aplicar de forma mais adequada os recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, o Fecoep, obtidos com a cobrança de um tributo em diversas atividades comerciais. Estima-se que o Fecoep tenha em caixa mais de R$ 1 bilhão, por isso é necessário que haja transparência na aplicação do dinheiro. Sabe-se que o governo anterior usou parte dos recursos em finalidades que nada tinham a ver com os objetivos do fundo. Agora, diante do aumento da miséria, torna-se ainda mais urgente socorrer aqueles que estão em situação mais vulnerável. Quanto aos gestores público, é preciso que usem os recursos disponíveis em obras estruturantes e projetos de geração de emprego e renda. Tudo com planejamento, evitando-se os desperdícios e os desvios.