Desigualdades sociais
O assessor das Nações Unidas para programas de combate à pobreza, Bernardo Klinksberg, acaba de apontar a América Latina como a região detentora das maiores desigualdades sociais do mundo, com 50% da população enquadrada na categoria pobres. E de também
Por | Edição do dia 19/04/2002 - Matéria atualizada em 19/04/2002 às 00h00
O assessor das Nações Unidas para programas de combate à pobreza, Bernardo Klinksberg, acaba de apontar a América Latina como a região detentora das maiores desigualdades sociais do mundo, com 50% da população enquadrada na categoria pobres. E de também advertir: Quanto mais os governos e as elites privadas ignorarem o problema, maior o risco de protestos nas ruas. A avaliação e a advertência foram feitas durante um debate sobre a pobreza em São Paulo, quando o próprio especialista argentino disse que é possível acabar com esse risco, porque todos os setores já estão convencidos de que a questão da pobreza terá de ser enfrentada logo, com políticas públicas adequadas e maior mobilização da sociedade. Segundo ele, a consolidação da democracia na região permite, cada vez mais, que as classes menos favorecidas protestem contra suas condições de vida, gerando uma mobilização para que a classe dirigente tome medidas de combate à pobreza. As declarações de Klinksberg foram divulgadas pela Agência Estado (AE) . Como inúmeras outras feitas, nos últimos anos, também com base nos números de instituições governamentais e não governamentais nacionais e internacionais, são preocupantes. Elas devem servir para apressar as soluções devidas dos problemas que mais têm contribuído para a constrangedora realidade em que vivem muitas nações. Na América Latina, especialmente. De acordo com a AE, os dados divulgados por Klinksberg revelam, por exemplo, que o nível de desemprego juvenil, uma das maiores causas da criminalidade, está em 20% na média da região. Um número considerado muito alto para qualquer padrão econômico. Como resultado disso, a criminalidade cresceu 40% na última década, perdendo apenas para os países da África Subsaariana. A julgar pelos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao governo federal, completamos: só no Brasil vivem 57 milhões de pessoas na categoria pobres citada por Klinksberg. À espera, portanto, de políticas públicas adequadas.