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Nº 5595
Opinião

AS COISAS ESTRANHAS

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Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 23/07/2022 - Matéria atualizada em 23/07/2022 às 04h00

O telescópio James Web, recentemente lançado pela Nasa, propicia aos astrônomos estudar buracos negros, galáxias distantes, muitas delas jamais observadas. É um instrumento muito mais poderoso do que os seus predecessores, em busca de atmosferas potencialmente sustentadoras de vida entre inúmeros exoplanetas documentados recentemente. Para muitos, entretanto, os ETs já estão entre nós há tempos. Esta é apenas uma das teorias da conspiração presentes no mundo global, juntamente com outras, como as que apontam Bill Gates e George Soros como comunistas, que o coronavírus foi criado em laboratório e que existe uma Nova Ordem Mundial com intenção de dominar o mundo.

Aliás, as paranoias com ETs e comunistas acoitados em baixo das camas são antigas e requentadas ad eternum. Orson Welles, em uma célebre transmissão radiofônica nos anos 40, simulou que a cidade de Nova Iorque estava sendo invadida por Ets e fez com que as pontes que ligam Manhattan ao continente ficassem entupidas de novaiorquinos abandonando suas residências apavoradamente. A perseguição a supostos comunistas teve seu auge no Macarthismo, com artistas perseguidos e impedidos de trabalhar, entre eles Charles Chaplin, que se autoexilou em Londres. A pergunta é: por que você acredita em qualquer conspiração ou notícia falsa (fake news) que chega aos seus olhos ou ouvidos? De acordo com um ensaio escrito por Max Read para a revista Intelligencer, do New York Magazine, há 5 razões para que isso aconteça. Em primeiro lugar, as teorias da conspiração são métodos já tradicionais para tentar organizar e entender o mundo moderno. Depois, elas são uma forma das pessoas de ter algum controle a respeito (ou dentro) de sistemas complexos, algo que se tornou uma das características principais de viver na era global. Em seguida, as teorias da conspiração são um sintoma de crise de legitimidade, em que as instituições democráticas são submetidas (em ditaduras a informação ou desinformação é controlada pelo governo). Além disso, elas têm o poder de acentuar ainda mais o excesso de informação (e causar, paradoxalmente, a desinformação), e, por último, mas não menos importante, nós temos a sensação de que o mundo está cheio de histórias conspiratórias. A internet, grande avanço da ciência, contudo e ad latere, propiciou que as teorias da conspiração, desconhecimento e radicalismos explodissem mundialmente. Mas sempre existem bússolas para nos guiar nesse maremoto de desinformação. Como Churchill escreveu, “nunca se renda, exceto às convicções de honra e bom senso”. Para saber o que é verdade ou mentira na hora de ler noticiais, seja na internet ou na imprensa, use sempre o bom-senso, a intuição, a experiência e a vivência. Bom-senso nas redes sociais é uma fruta raríssima e um diálogo respeitoso no campo das ideias, encontrá-lo ali é dificílimo. Mas se a conversa ultrapassar os limites do bom-senso, você sairá vitorioso se estiver ao lado do equilíbrio e da verdade, mesmo recuando perante radicais. E não se abata, a verdade sempre virá. Conforme Jouber afirmava, “jamais somos medíocres quando dispomos de muito bom-senso e muito sentimento”.

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