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Opinião

As dúvidas

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“Mas com que fim foi então criado o mundo?” - inquiriu Cândido em sua obra homônima Voltaire. Para nos irritar, responde Martim”. As dúvidas sempre nos acompanharam e acompanham. Elas são maiores em épocas conturbadas, quando mesmo os homens mais fortes vacilam. Nessas épocas são os mais fragilizados que ficam à deriva e os alvos mais fáceis das mais diversas seduções. Religião é fé, mas a filosofia e a ciência têm nas dúvidas seu catalisador maior.

Para tentar reduzir as dúvidas na busca permanente pela verdade, a ciência tem duas formas básicas de operar e que também podem ser utilizadas em atividades humanas corriqueiras: uma é o conhecimento empírico, que é baseado na observação e no acompanhamento das coisas. Por exemplo: se pegar o trânsito na hora do rush, enfrentará congestionamentos e coletivos lotados. Basta viver e observar. A outra ferramenta da ciência, quando a observação e o acompanhamento são insuficientes, constitui-se na constatação das evidências. Exemplos são os tratamentos de câncer: eles só são adotados quando depois de anos de acompanhamentos e observações clínica e laboratorial randomizados, os resultados obtidos em diversos frontes são semelhantes e consensuais. Nestes casos, o método científico é muito mais importante do que o seu resultado, que tanto pode ser bom ou ruim.

Brecht escreveu: “Das coisas seguras, / A mais segura é a dúvida”. Para as boas dúvidas, pode-se usar os dois métodos: na ciência, um exemplo empírico são as vacinas; basta acompanhar uma epidemia e observar o que acontece com os vacinados e os não vacinados, quem resiste mais e melhor, mas também se mede no sangue a presença dos anticorpos nos vacinados, o que traz a evidência científica às vacinas.

Também na política, os métodos empírico e científico podem ser exemplarmente utilizados. O sistema eleitoral nacional tem sido usado há 3 décadas sem que exista nenhuma constatação empírica de fraude. Devem ser levadas em conta também as provas a que tem sido submetido por entidades como a Polícia Federal, OAB, entidades judiciárias, AGU, ABIN e outras, mostrando a sua segurança, transparência e que são auditáveis. Também o conhecimento científico, amparado nas evidências aprovam o sistema eleitoral. Criar dúvidas sobre as vacinas e incentivar tratamentos contra a Covid-19 não recomendados pela ciência, como muitos fizeram, contribuíram para deixar o Brasil como campeão mundial de mortes por milhão de habitantes. Criar dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro acaba por incutir e disseminar raiva e ódio em facções radicais da população contra as instituições do Estado de Direito Democrático. As boas dúvidas constroem ferramentas e soluções para melhorar as condições de vida da humanidade. As más dúvidas nada constroem, só destroem e criam divisões na sociedade.

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