Opinião
A rainha
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As biografias da rainha Elizabeth II e os documentários foram enriquecidos com a série da Netflix “The Crown”, sucesso de público e de crítica e onde se pode acompanhar grande parte de sua vida e da Casa de Windsor. Na vida real, sua era apresentou inúmeras crises no Estado e na coroa, quando a rainha precisou aprimorar as suas habilidades políticas e diplomáticas. Podemos destacar alguns aspectos de seu longevo reinado em uma monarquia constitucional, onde era sua chefe de Estado.
Como todas as famílias, tenham o raro sangue azul ou o vermelho geral, a sua teve incontáveis problemas que precisaram de sua condução equilibrada e serena: um episódio que causou extraordinário impacto foi a descoberta de que Anthony Blunt, curador de arte da família real era espião da KGB e passava informações sigilosas aos líderes soviéticos. Era professor e um dos mais renomados estudiosos da pintura europeia do século 18, fazendo parte do Cambridge Five, grupo de membros do topo da hierarquia dos serviços secretos britânicos. Embora tenha confessado seus crimes nem por isso deixou de pagar por eles. Outro episódio polêmico foi o que envolveu o tio do príncipe Philipp, Lorde Mountbatten, trêfego oficial britânico que se envolveu em uma conspiração contra o primeiro-ministro Harold Wilson, do partido trabalhista. Mountbatten associou-se com o poderoso empresário da comunicação Cecil King,para tramar contra Wilson, que era acusado de ligações aos comunistas ,mas o golpe foi abortado com o apoio de Elizabeth. Wilson era de esquerda, mas teve em Elizabeth uma parceira e conselheira de sua exitosa administração, enquanto Mountbatten recolheu-se à sua insignificância. Como não poderia deixar de acontecer em um reinado tão longo, Elizabeth teve seus maus momentos, como no desastre de Aberfan, como ficou conhecido o deslizamento em uma mina de carvão no País de Gales em 21 de outubro de 1966, quando 28 adultos e 116 crianças morreram, com professores se sacrificando para tentar proteger alunos da avalanche de terra. A rainha não visitou o local da tragédia de início, preferindo enviar o príncipe Philipp e só chegou lá oito dias depois, o que declarou posteriormente ter sido uma das coisas que mais lamentava em sua longa trajetória. Elizabeth II fez grandes investimentos na indústria britânica, promoveu o desenvolvimento da economia nacional concomitantemente às preocupações com a preservação do meio ambiente. Investiu em artes tendo patrocinado a edição de várias obras de escritores britânicos como Skakespeare, Edmund Burke e outros. Convivia com artistas populares como Elton John e o seu companheiro em cerimônias na catedral de Westminster. Permaneceu na bombardeada Londres e confortou a castigada população inglesa na Segunda Guerra mundial. Entre os seus legados está a equidistância da política partidária, mantendo-se imparcial e neutralizando crises. Seu herdeiro, o rei Carlos III, é um militante da preservação do meio ambiente e entre os seus inúmeros desafios está a manutenção da integridade da Commonweath, comunidade de países com cerca de 50 membros que Elizabeth II manteve aproximados à Inglaterra. Ela modernizou a onerosa monarquia britânica, era popular, sem ser populista e ajudou a preservá-la.