loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quarta-feira, 08/10/2025 | Ano | Nº 6071
Maceió, AL
24° Tempo
Home > Opinião

Opinião

INFÂNCIA DESIGUAL

.

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz Bahia) ressalta desigualdades profundas na mortalidade infantil no Brasil. De acordo com a pesquisa, o risco é 72% maior entre crianças pretas quando comparado com as chances das nascidas de mães brancas.

A pesquisa analisou mais de 19 milhões de crianças nascidas entre 1º de janeiro de 2012 e 31 de dezembro de 2018, em dados coletados do Sistema de Nascidos Vivos (Sinasc), e conferiu quantas e quais delas também apareceram no Sistema de Mortalidade (SIM). Os dados extraídos em 2020 constataram que 224.213 crianças menores de 5 anos foram encontradas no SIM. O que o estudo indica é que essas mortes, muitas vezes, ocorrem por causas evitáveis, como diarreia, desnutrição, pneumonia e gripe. O estudo reforça o que já foi documentado em outras pesquisas: as desigualdades raciais das barreiras de acesso aos serviços de saúde materna e as graves consequências para a saúde materno-infantil. Também evidencia a falta de recursos para reduzir as desigualdades étnico-raciais entre as populações indígenas, negras, pardas e pretas, o que resulta em uma realidade desfavorável para tais grupos. Os dados confirmam que, no Brasil, mães negras, pardas ou pretas e indígenas vivem em condições desfavoráveis, têm menos escolaridade, menor frequência ou início tardio do pré-natal e residem mais longe dos serviços de saúde durante o parto. Tais circunstâncias de vida geram maior risco de desfechos negativos, como baixo peso ao nascer, nascer pequeno para a idade gestacional, prematuridade e aumento da incidência de doenças evitáveis, o que eleva o risco de mortalidade infantil. O fato é que o País precisa reduzir urgentemente suas desigualdades para melhorar o futuro das crianças. São essas desigualdades que fazem que uma criança negra, uma criança favelada, uma criança no semiárido ou uma criança na Amazônia tenha menos oportunidade de realizar os seus direitos. É um desafio a ser vencido e que precisa estar na agenda de todos os governos.

Relacionadas