Opinião
CONSCIENTIZAÇÃO

Em 2007, o 27 de setembro foi transformado em Dia Nacional de Doação de Órgãos. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, estimular as pessoas a conversarem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
De acordo com o Ministério da Saúde, apesar da ampliação da discussão do tema nos últimos anos, a doação de órgãos ainda é um assunto polêmico e de difícil entendimento, o que provoca um alto índice de recusa familiar. Dados do Registro Brasileiro de Transplantes revelam que mais de 33 mil pessoas ocupavam a fila de espera por um órgão em 2018, sendo que 2.851 morreram sem receber a doação — uma média aproximada de 8 pessoas por dia. Estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo identificou três motivos principais para essa alta taxa de recusa, que não ocorre só no Brasil: incompreensão da morte encefálica; falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte; e religião. A lei atual estabelece que a família é a responsável pela decisão final, não tendo mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade. Os doadores, neste caso, são pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica No caso de doadores vivos, a legislação permite que pessoa maior de idade e capaz juridicamente doe órgãos a seus familiares. Para doadores vivos não aparentados, é exigida autorização judicial prévia e podem ser doados rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões. Em julho deste ano, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou proposta que cria uma política nacional para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, com o objetivo de contribuir para o aumento no número de doadores. O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Há, entretanto, dois desafios: o primeiro é questão do financiamento, que é uma decisão política. A segunda é a falta de doadores, que só será resolvida com a conscientização da população em relação a esse questão tão nobre.