AOS MESTRES COM RESPEITO
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Por Editorial | Edição do dia 15/10/2022 - Matéria atualizada em 15/10/2022 às 04h00
Comemora-se hoje, no Brasil, o Dia do Professor. A data tem origem no fato de que, em 15 de outubro de 1827, o imperador D. Pedro I assinou um decreto que criou o Ensino Elementar no Brasil, com a instituição das escolas de primeiras letras em todos os vilarejos e cidades do País.
Embora a figura do professor seja exaltada em prosa e verso, classificada de forma romântica como um “sacerdócio”, na prática verifica-se que, ao longo das décadas, a carreira docente vem sendo desvalorizada tanto na questão salarial quanto socialmente. Não é difícil entender por que cada vez menos jovens manifestam interesse de encarar uma sala de aula. Professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os professores brasileiros ganham metade do salário que os mesmos profissionais dos países da organização. Faltam planos de carreiras atrativos, sobretudo em estados e municípios com orçamento restritos. Além disso, muitas escolas não oferecem estrutura adequada para o bom exercício docente, em geral com salas de aulas superlotadas. Há outras distorções. O Brasil ainda tem muitos docentes que atuam em áreas que não foram formados. Pesquisas mostram que países como Canadá, Cingapura e Chile, que investiram fortemente no professor, tiveram avanços rápidos na educação. Isso inclui atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira docente, com seleção diferenciada, aprimorar a formação para deixá-la mais próxima da realidade da sala de aula, fechar cursos ruins, ter avaliações periódicas e melhores salários. A melhoria da qualidade da educação no País passa necessariamente pela valorização dos professores, não apenas na questão salarial, mas também na formação continuada e na melhoria das condições de trabalho. É preciso fazer com que a profissão docente volte a atrair o interesse dos estudantes e não se torne apenas uma última opção. É mais um compromisso que deve ser assumido por aqueles que querem governar o País.