COMUNIDADES VIVAS
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Por Editorial | Edição do dia 05/11/2022 - Matéria atualizada em 05/11/2022 às 04h00
Desde 1900, o dia 4 de novembro é conhecido como o Dia da Favela. A data marca a primeira vez o termo que apareceu em um documento público, no ano de 1900, quando o delegado da 10º Circunscrição e chefe da Polícia do Rio de Janeiro, Enéas Galvão, se referiu ao Morro da Providência como favela, onde moravam os favelados, como eram chamados os soldados que lutaram na Guerra de Canudos, na Bahia, e ficaram marcados pela planta favela, muito comum no sertão nordestino. A associação feita na época foi como um lugar sujo e de gente imoral.
Segundo estimativa do IBGE, o Brasil tem hoje mais de 14 milhões de pessoas vivendo em favelas. Em 2019 havia 5,1 milhões de domicílios em 13.151 mil aglomerados subnormais no País, localizados em 734 municípios, em todos os estados e no Distrito Federal. Em 2010, havia 3,2 milhões de domicílios em 6.329 aglomerados subnormais, em 323 cidades, segundo o último Censo Demográfico. De acordo com o IBGE, Maceió é a oitava capital com maior número de favelas. Segundo o levantamento, 17,3% da capital alagoana é formado por favelas, ficando atrás apenas de Belém (Pará) em que 55,5% da população vive em aglomerados subnormais, seguido por Manaus, Salvador, São Luís, Fortaleza, Teresina, Recife e Rio de Janeiro. Imagens de satélites feitas entre 1985 e 2021 e analisadas pelo MapBiomas, rede formada por ONGs e universidades, apontam que as favelas atingiram uma área de 106 mil hectares em 2021. Tais comunidades crescem de forma irregular e sem amparo dos governos estaduais nas principais capitais brasileiras. Apesar do preconceito e dos estereótipos associados a esses grupamentos sociais, o fato é que as favelas são formadas, em grande parte, por trabalhadores que ajudam a pôr em movimento a roda da economia. São mais de R$ 119 bilhões gerados por essa população através do seu trabalho, do seu esforço e da sua dignidade, através de tudo que proporciona para esses territórios e suas famílias. Cabe ao poder público levar educação, saúde, saneamento, cultura e lazer a essas comunidades.