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Nº 5822
Opinião

Deus é brasileiro .

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 26/11/2022 - Matéria atualizada em 26/11/2022 às 04h00

Quando eu era menino ouvia meu avô dizer que “Deus era brasileiro”. Talvez o fizesse insatisfeito com algumas atitudes pouco elogiáveis dos governantes da época. Era o ano de 1945 e eu tinha meus 6 anos. Ele expressava essa tese em tom de ironia, querendo dizer que só sendo brasileiro Deus se apiedaria de nós, nos dando força e coragem para vencermos as adversidades tão constantes entre a população brasileira.

Passados 80 anos daquele diálogo que jamais esqueci, passeando com meu avô por entre as folhas secas dos eucaliptos do parque Gonçalves Ledo, ouço, hoje, a mesma frase, saída dos lábios de inúmeras pessoas que continuam a protestar contra os acontecimentos negativos de um país que poderia ser grandioso. Vamos pedir ao Senhor Jesus que nos ajude em nossa caminhada. Mais de 500 anos é muito tempo e ainda vivemos em grande anarquia. Muita gente culpa toda essa confusão a nossa origem, aos nossos primeiros habitantes, aos nossos primeiros invasores. Crises políticas sempre houve em todas as épocas, na história de todos os povos. É um teste de sobrevivência que a história impõe aos regimes políticos. Isso acontece quando ela se afasta dos seus propósitos e foge do terreno elevado das idéias. O povo aflige-se ao ver essa luta que desalenta os bons princípios e fortifica os maus. Disse Rousseau que a democracia é a melhor das soberanias, mas o governo deve caber aos melhores, aos mais bem escolhidos. A democracia é, antes de tudo, uma forma de governo que, por si só, não trás o condão do bem estar social, sem as condições imprescindíveis de educação e cultura política de governantes e governados, de independência econômica, de instabilidade constitucional e, sobretudo, sendo de ordem e dever cívico. Vivemos uma democracia descaracterizada pelos vícios que se renovam, de valores éticos duvidosos e que concorrem para levar uma boa parte da população brasileira ao setor dos excluídos.

Vamos caminhar, apesar de tantas pedras encontradas no caminho. Cristo disse: “Faça que eu te ajudarei”. Deus, entretanto, está encontrando dificuldades de ajudar ao Brasil porque há muito tempo muitos brasileiros não estão fazendo a coisa certa. Nossos dados estatísticos mostram que para sermos uma grande nação teremos que caminhar muito ainda, mas, principalmente, com seriedade, na condução de novos caminhos.

Parodiando o grande poeta Olegário Mariano, parabenizo o meu querido Brasil, conclamando aqueles que não o conhecem que venham até aqui: “Vinde ver! Vinde ouvir, homens de terra estranha! / O Brasil de minha alma, atormentado e aflito / Cujo nome parece um grito de montanha / Não é esse Brasil de vida efêmera e leviana / Superficial, anêmico, franzino: É o Brasil que embalou meus sonhos de menino / Ágil, nervoso, leal, puro como nasceu / Que tem na sua rede o ouro do seu tesouro e tem no seu cavalo a asa que Deus lhe deu”.

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