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Nº 5759
Opinião

Moeda única do Mercosul em breve? .

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Por Barbara Santos - pós-graduanda em Direito Internacional | Edição do dia 28/01/2023 - Matéria atualizada em 28/01/2023 às 04h00

O embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, fez voltar à tona a criação de uma moeda única para os países membros do Mercosul. Citamos a União Europeia, o bloco econômico que adotou a Zona do Euro no início do século XXI, daí surgiram os primeiros debates sobre a criação de uma moeda única para o Mercosul, tema que foi abordado no governo anterior de Lula e pelo ministro de Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes.

O exemplo de maior integração regional é a União Política e Monetária da Europa, a União Europeia, que representa este último nível de relações. Entretanto, para que a ideia da Zona do Euro saísse do papel, foram necessárias discussões e passaram-se anos até que entrasse em vigor, sendo que, até hoje, a prática é discutida dentro do bloco; este nível de debate e planejamento nunca aconteceu entre os países da América do Sul, o que dificulta a implementação da ideia. Mas, qual seria o objetivo dessa unificação monetária? A resposta, segundo Scioli, é que a criação “significa uma unidade para a integração e o intercâmbio comercial em todo este bloco regional”, já para Haddad e Galípolo, “a criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos”. Ou seja, a moeda comum poderia ser utilizada em transações comerciais feitas apenas entre os países do bloco, facilitando o intercâmbio de mercadorias, apesar de que o dólar já é utilizado para esta finalidade hoje em dia. Os países do bloco sul-americano possuem histórias parecidas, mas políticas diferentes, tanto no âmbito fiscal quanto monetário e econômico, ou seja, a coordenação dessas políticas levaria anos, já que este é um dos últimos passos em direção à organização de um bloco.

Concluo que a resposta à pergunta que dá título ao texto é que dificilmente este pensamento sairia do papel. Embora pareça uma ótima ideia à primeira vista, pois talvez fortalecesse o Mercosul, a criação de uma moeda única exigiria uma série de acordos, discussões e concessões políticas, em níveis para os quais a América do Sul ainda não está madura. A ideia levanta mais uma série de questões, como quem emitiria a moeda, por exemplo, já que não existe um banco central do Mercosul e a sua criação levaria ainda mais tempo e debates.

Sendo assim, pode ser que o Mercado Comum do Sul venha a ter uma moeda única e uma integração regional altíssima, mas este momento está distante e dificilmente entrará em pauta oficial neste governo ou nos próximos.

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