RETOMADA .
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Por Editorial | Edição do dia 09/02/2023 - Matéria atualizada em 09/02/2023 às 04h00
Dados do Censo Escolar da Educação Básica 2022, divulgados ontem, mostram que o número de matrículas no Brasil aumentou após o fim da emergência em saúde pública por causa da Covid-19. No ano passado, foram registrados 47,4 milhões de estudantes em 178,3 mil escolas de educação básica – 714 mil alunos a mais que em 2021. Para o Ministério da Educação, os números apontam que o País está retomando os índices registrados antes da Covid.
O retorno do número de matrículas é visto por especialistas como muito animador, positivo e desafiador e mostra que a educação continua sendo uma preocupação das famílias em todos os estratos sociais. Entretanto, é necessário diminuir o fosso de desigualdade e garantir que famílias de crianças em situação de vulnerabilidade tenham acesso a creche ou escolas de tempo integral. Essas desigualdades se agravaram durante a pandemia. Uma pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Undime mostrou que, em 2019, a frequência escolar na pré-escola de crianças brancas e amarelas chegava a 93,5%, enquanto a de pretas, pardas e indígenas era de 91,9%. As crianças pobres também eram mais desfavorecidas: a frequência delas era de 92%, enquanto, nas outras faixas de renda, a média era de 94,8%. Fatores que indicam vulnerabilidade social da mãe também afetam a frequência escolar na pré-escola, segundo a pesquisa: filhos de mulheres que se tornaram mães com menos de 20 anos, menos escolarizadas e com trabalhos informais têm menor frequência na pré-escola, em média. O aumento de matrículas é, de fato, algo a ser comemorado, mas é preciso garantir que essa retomada vagas de qualidade, sobretudo para recuperar o tempo perdido com a pandemia. Para isso, é essencial o regime de colaboração entre governo federal, estados e municípios. Nenhuma estratégia e nenhuma política que não houver um regime de colaboração forte entre os entes federativos, com a coordenação do Ministério da Educação, dificilmente terá sucesso nas políticas públicas nessa área.