TRAGÉDIAS ANUNCIADAS .
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Por Editorial | Edição do dia 10/03/2023 - Matéria atualizada em 10/03/2023 às 04h00
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios mostra que, nos últimos dez anos, desastres naturais causaram R$ 401, 3 bilhões em prejuízos no País. O estudo contabiliza os danos com a interrupção do abastecimento de água e energia, em propriedades públicas e privadas, agricultura, comércio e indústria. A seca e o excesso de chuvas são os desastres naturais mais registrados no país. No período analisado, de janeiro de 2013 a fevereiro de 2023, foram 59.311 decretações de situação de emergência e calamidade pública.
A Região Nordeste foi a com o maior número de decretos, 46,8% do total. Em seguida, aparecem Sudeste (22,6%), Sul (16,1%), Centro-Oeste (9,3%) e Norte (5,2%). O estudo aponta que 3,4 milhões de pessoas foram desalojadas, 808 mil ficaram desabrigadas e 1.997 morreram. O ano de 2022 teve o maior número de mortes, correspondente a mais de 26% do total. Ainda segundo o levantamento, o governo federal, entre 2013 e 2023, repassou R$ 8,2 bilhões para ações de socorro nas situações de calamidade, como reconstrução de áreas danificadas. Em balanço recente, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional informou que mais de R$ 174,8 milhões foram repassados, no início deste ano, para ações de defesa civil em todo o Brasil. Para especialistas, um dos principais motivos que levam certas regiões a serem mais suscetíveis a desastres naturais é a ocupação urbana desordenada. São ocupadas áreas que não deveriam, seja por habitação ou por infraestrutura, porque não houve estudo técnico, preparação ou planejamento. É preciso ressaltar que boa parte das tragédias não pode nem deve ser vista como fatalidades, pois na maioria dos casos podem ser previstos e evitados. É, pois, necessário e urgente implementar políticas públicas voltadas para organização do espaço urbano, melhoria das condições de moradia e obras de saneamento básico. Além disso, é preciso estruturas as coordenações de defesa civil de estados e municípios para que possam atuar adequadamente nas tragédias. O que não se pode é deixar que tragédias anunciadas continuem a ocorrer.