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MARCOS DAVI MELO * Circulou na cidade nos últimos dias a informação de que finalmente a prefeitura vai iniciar as obras para a regularização dos esgotos na orla de Maceió, obrigando os imóveis localizados na região coberta pelo sistema de esgotos sanitários, a se ligarem obrigatoriamente à rede coletora, contribuindo assim para a despoluição das praias. Já era tempo. Maceió continua sendo uma cidade cheia de lamentáveis contrastes. Praias belíssimas dentro da cidade, gostosas e com a balneabilidade altamente suspeita em muitos pontos. Uma tentação e ao mesmo tempo um temor, uma frustração. O mar está ali, manso, azul, oferecendo-se para um mergulho reparador e que não se concretiza pelo receio de se contrair uma doença. Quando chove a poluição é exacerbada inevitavelmente. E não se pode culpar unicamente o poder público, os ocupantes de imóveis que drenam os seus dejetos inadequadamente, não podem ser inocentados. A nossa orla, ah! Tão amplo, belo e repousante o seu horizonte, quanto poluído nos fins de semana. Principalmente aos domingos: naquela região entre os Sete Coqueiros e o Alagoinhas, impedida para o tráfego de automóveis e na qual as criancinhas brincam candidamente sob as vistas dos pais; alguns dos quais, descontraídos conversam e tomam cerveja nas barracas da praia, ah! Como poderia ter a placidez dos horizontes perdidos de Milton, da serenidade animada das places de Monmartre captadas pelos pincéis de Renoir... Mas o encanto não resiste por muito tempo. Logo o primeiro carro com alto-falante estridente ocupa a região. Vem feroz como tanque de guerra israelense em cidade palestina ocupada. O seu canhão é o barulho ensurdecedor. Vagarosamente, como um fervoroso discípulo do Marquês de Sade a sorver prazerosamente o sofrimento alheio, detona petardos e granadas ruidosas para todos os lados. Pode ser o indefectível e insuportável Jota Andrade, ou aquele que propaga cursos de inglês da Jamaica, português de Angola; cirolas do Velho Oeste. Enfim, em matéria de poluição sonora aos domingos, na parte mais nobre da cidade – que se vangloriem os bairristas – estamos na frente, não perdemos para ninguém. E um guarda de trânsito, apenas um, devidamente orientado, impedindo o acesso das viaturas bélicas de bombardeio sonoro, já seria o suficiente para restaurar a paz na região. O desrespeito ao cumprimento das regras estabelecidas, seja em relação à questão sanitária, seja em relação ao código de trânsito e tantas outras infrações que prejudicam a qualidade de vida da comunidade, parece não ter fim entre nós. Quando esperamos que de cima venham bons, justos e equilibrados exemplos, o que acontece... Lá de cima vem a sentença da manutenção da Verticalização nas eleições que se aproximam. Dizem os entendidos: as regras já existiam, mas só agora foram acionadas e com claras intenções de beneficiar um determinado candidato. O STJ, presidido por eminente e independente jurista – mas que não pode conter o ímpeto salvacionista -, deu a palavra final: as regras agora são estas e devem ser cumpridas. Cumprir as regras e as leis estabelecidas, sempre e quando do interesse da coletividade e não somente quando convêm à autoridade e ao Poder, é uma norma básica de uma sociedade que se pretende civilizada. Esperar sentado que isto aconteça é cômodo, mas não funciona por aqui, infelizmente. Portanto, pleitear, exigir ações equilibradas das autoridades e da própria sociedade, é um dever de sobrevivência da própria cidadania. Ação custosa, chata, desgastante, mas indispensável para se construir lentamente um lugar um pouco melhor e mais civilizado para os nossos filhos e netos. (*) É MÉDICO

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