Opinião
COMBINAÇÃO DE FATORES .
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Nos últimos anos, vários estados têm vivido crises na segurança pública. Em 2017, por exemplo, rebeliões terminaram em massacres em presídios do Norte e do Nordeste, com ameaça de greve e paralisações de polícias.
Em 2019 foi no Ceará. Agora, o Rio Grande do Norte é a bola da vez. O contexto da violência é marcado atualmente pelo fortalecimento de grupos criminosos que migraram do Rio de Janeiro e de São Paulo e de facções locais. Para especialistas, a violência tem entre as causas, que valem para todo os estados, a combinação de fatores como a falência do sistema carcerário, a lentidão do Judiciário para o julgamento de uma massa de presos provisórios que lotam as cadeias e a falta de investimentos em inteligência e integração entre as forças de segurança. As constantes rebeliões nos presídios evidenciam a precariedade do sistema penitenciário. Atualmente o Brasil possui a quarta maior população carcerária do mundo, com cerca de 800 mil. De 2000 para cá, a população carcerária mais que dobrou de tamanho. Parece haver consenso de que o encarceramento, por si só, não garante a redução dos índices de criminalidade. A principal causa das prisões é a droga, e a maior parte dos detentos é pobre e negra. O fato é que o sistema prisional acaba funcionando como um depósito de gente e uma universidade do crime. Especialistas defendem que a prisão deve ser destinada àqueles que de fato representam um perigo à sociedade. É preciso separar os acusados ou condenados por crimes de baixo impacto social dos que praticam crimes bárbaros, chocantes ou hediondos. É preciso impedir que autores de delitos não graves das garras de organizações criminosas que dominam os presídios. Para isso existem as penas alternativas, com outras formas de pagar a dívida com a sociedade. O combate à violência passa pelo melhor aparelhamento das polícias, com agentes bem treinados e com bons salários, além de investimento em inteligência, mas também por políticas sociais voltadas principalmente para os jovens da periferia, de forma a livrá-los do crime.