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Nº 5822
Opinião

O sentido da arte

DOM FERNANDO IÓRIO * O verbete “arte” não existe na língua de todas as sociedades. Não há negar provenha do latim “ars-artis”, significando engano, malícia, talento, saber fazer ou conjunto de orientações para a execução de algo a fazer. Numa palavra: “

Por | Edição do dia 25/01/2005 - Matéria atualizada em 25/01/2005 às 00h00

DOM FERNANDO IÓRIO * O verbete “arte” não existe na língua de todas as sociedades. Não há negar provenha do latim “ars-artis”, significando engano, malícia, talento, saber fazer ou conjunto de orientações para a execução de algo a fazer. Numa palavra: “domínio técnico” aplicado à arte de ensinar, à arte de caçar, à arte de conversar, à arte de viver... Seu correspondente no grego é téchne, no sentido de habilidade. Daí provém técnica, ou conjunto dos processos de uma arte. Na Idade Média tinham-se as artes liberais, ensinadas na Universidade, como opostos às Artes Mecânicas; consideravam-se as operações especulativas do espírito algo oposto às operações vulgares da mão. Compunham as Artes Liberais o Curso completo dos estudos universitários: o Trivium, estudo de 3 disciplinas (gramática, retórica e dialética) e o Quadrívium – estudo de 4 disciplinas (aritmética, música, geometria e astronomia), significando as vias do conhecimento. A partir do Renascimento, o verbete arte é usado para significar tipos específicos de atividades de caráter artesanal, estético – plásticas, quais sejam a pintura, a escultura e a arquitetura, caminhando ao lado das chamadas artes menores. No século XV, Leon Alberti usará “Artes do Desenho”, por terem o desenho como elemento comum e básico na sua construção. No século XVII, recebem a denominação de Belas Artes, embasadas no pensamento estético da produção do belo. Nos primórdios do século XX, encontramos a expressão “Artes Plásticas” devida a qualidades de “plasticidade” de relevo e massa, mesmo quando ilusórias. A partir de 1950, encontramos “Artes Visuais”, por serem captadas, de maneira intensa, pela visão. É importante verificar como um termo, a “priori” de significados múltiplos, chega a reduzir-se e significar um grupo restrito de atividades, mantendo, ao mesmo tempo, todo o seu horizonte de significações. Não deixa de ser estranho o fato de Arnold Hauser, eminente historiador, no seu livro “História Social da Arte e da Literatura” separar a Arte e a Literatura, esquecendo-se de que a Literatura compõe o universo da arte, bem assim o Teatro, a Música, a Dança e tantas outras formas de atividades artísticas. Essas complicações no uso do verbete “arte” já indicam a dificuldade da reflexão filosófica sobre o verbete em estudo, tornando um desafio procurar defini-lo numa categoria universal. Ao longo da história não foram poucos os autores que, ao tentar definir a Arte, caíram no ceticismo de chegar a defini-la, definitivamente. No final de contas, o importante não é tanto definir a “Arte”, senão saber o que fazer com a arte. (*) É BISPO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

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