PARA REFLETIR .
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Por Editorial | Edição do dia 31/03/2023 - Matéria atualizada em 31/03/2023 às 04h00
Completam-se hoje 59 anos do movimento militar que depôs o presidente João Goulart e perdurou até 1985. Apesar de executado pela cúpula das Forças Armadas, a chamada “revolução” teve apoio de setores importantes da sociedade civil, como empresários, políticos e religiosos. Até hoje, o movimento divide opiniões.
Para os militares que tomaram o poder e defensores do movimento, em 1964 houve uma “revolução” no Brasil, com objetivo de restaurar a ordem pública, controlar a indisciplina nos quartéis e impedir a tomada do poder pelos comunistas. Já para outros, tratou-se de um golpe de Estado, que instaurou uma cruel ditadura no País. As pesquisas de opinião feitas à época pelo Ibope nas grandes cidades também mostravam uma sociedade dividida. Se antes da intervenção militar 42% consideravam bom e ótimo o governo de João Goulart e 30% regular, após a ação das Forças Armadas, pesquisa do Ibope em maio de 1964 revelou que 54% dos entrevistados aprovaram a deposição de Jango. Os defensores da “revolução” costumam se referir a ela como um período de estabilidade, ordem e progresso. Entretanto, não se pode esquecer que, durante o regime militar, a liberdade de expressão e de organização era quase inexistente. A partir da decretação do Ato Institucional nº 5, abriu-se a temporada de prisões arbitrárias, e a tortura passou a ser usada como arma de combate aos que lutavam contra o regime. No campo político, 66 ocupantes de cargos públicos tiveram o mandato cassado, 66 pessoas perderam os direitos políticos, 348 foram aposentadas compulsoriamente, 139 militares foram reformados e 129 executivos do governo foram demitidos. O regime se encerrou em 1985, com a transição para o poder civil. De lá para cá, o Brasil tem vivido um dos períodos de maior período de estabilidade democrática de sua história, mas é preciso que toda a sociedade fique atenta para não deixar que uma experiência como aquela se repita. Regimes autoritários, sejam elas de esquerda ou de direita, são o pior caminho. A democracia, apesar de todos os defeitos, continua a ser o melhor regime e cabe à sociedade aperfeiçoá-la.