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Opinião

O Anel de Giges .

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Uma questão eterna permeia a humanidade: nós procedemos com justiça e correção porque assim o somos ou por que a sociedade nos cobra? Eduardo Giannetti lançou recentemente a obra “O Anel de Giges: uma fantasia ética”, onde faz uma reflexão a um só tempo acessível e ética sobre a fábula de Giges, presente no segundo livro da República de Platão, na qual ele apresenta um pastor de ovelhas que depois de um forte tremor de terra encontra uma fenda na terra e, ao adentrá-la, encontra um cadáver com um anel. Giges apodera-se do anel e ao girá-lo, ele é capaz de lhe conceder o poder da invisibilidade.

A partir daí, Giges começa a utilizá-lo em proveito próprio, aparece e desaparece quando quer, se aproxima do rei, tornando-se seu mensageiro oficial. Seduz-lhe a esposa, chega a assassinar o rei e se apodera de todo o reino. A ideia de Platão era, através do Mito de Giges, levar à reflexão sobre ideias difíceis, mas de forma simples. Giges mostrou que somente se mantinha justo enquanto era subjugado pela ordem social e política a qual se apresentava diante dele, mas logo que obteve meios para sobrepujar tais impérios sociais, revelou seu verdadeiro “eu” e buscou questões meramente pessoais em detrimento das sociais. Mas Giges não alcança nem a realização nem a felicidade. O tema desenvolvido originalmente na Grécia antiga continua sendo atual. Afinal, o que ocorreria se você pudesse enriquecer sem trabalhar, escutar conversas das outras pessoas sem ser descoberto, entrar e sair de todos os lugares sem ser visto? Será que somos honestos porque somos obrigados a ser ou é uma escolha individual? Em suma, e se você pudesse fazer praticamente tudo que quisesse? Platão nos acena que mesmo uma pessoa virtuosa e justa, se tivesse e mãos um anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à justiça. Não todos, é claro. Para a maioria, a moralidade só seria sustentada pela vigilância da sociedade e pelos governos equilibrados. Para Platão o legislador tem um papel de destaque e ele deve “ser um verdadeiro educador dos cidadãos “e sua missão também consiste em “castigar transgressões cometidas e em prevenir que se cometam tais transgressões”. Atualmente, a onda de violência que ameaça as escolas no País são consequência de ações que as estimularam. Essa violência tem os seus semeadores. Afirmava Platão: “o importante não é somente que no final de uma ação seja verdadeiramente bom, mas que a sua finalidade também seja boa”. Para Platão, a pessoa justa será sempre infinitamente mais feliz e mais realizada, e o importante não é parecer bom, mas ser bom, e a justiça deve habitar nossas vidas não somente quando estamos sendo vigiados e visualizados, mas principalmente quando ninguém nos vê”.

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