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quinta-feira, 15/05/2025 | Ano | Nº 5967
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Opinião

JORGE DE LIMA, NOSSO POETA INESQUECÍVEL .

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Quem foi Jorge de Lima? Foi um garoto inteligente que nasceu na cidade de União dos Palmares no dia 23 de abril de 1893. Portanto, há 130 anos. Viveu toda sua infância em sua cidade natal, cujas cenas foram para ele vividas em torno da estação do trem, do rio Mundaú e das festas de Sana Madalena, a padroeira da cidade. Com as chuvas do inverno o rio encachoeirava-se raivoso e transbordava para as margens, alagando tudo. E Jorge de Lima assistia tudo encantado em sua meninice que descreve em seus primeiros versos: “E o rio cresceu/ Entrou na camarinha/ E lá se foi com a almofada velha/ E rodou com o canoeiro/ E virou a canoa mesmo”.

O rio da infância marca a alma da gente. Não de toda a gente, mas daqueles que mais tarde andando pelos caminhos da vida, sempre estão se reencontrando com o passado como Jorge de Lima. O sobrado onde morava Jorge de Lima em União dos Palmares, tinha uma janela olhando a praça e ali ele via a feira, o rio, os cantadores de viola. Pois bem, aquelas cenas despertaram o sentido poético em sua vida. E ele escreveu certa vez: “Tudo aquilo que entra pelos meus olhos deslumbrados de menino, nunca mais sairá de dentro de mim”. Jovem adolescente, veio estudar em Maceió no Colégio Diocesano, ode fez um brilhante curso. Posteriormente, cursou medicina na Bahia e logo depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde fez seu doutoramento. Mas, a saudade bateu forte e ele voltou para Maceió onde instalou seu consultório na Rua do Comércio 502, atendendo crianças e adultos. Por problemas pessoais, depois de alguns anos, voltou para o Rio de Janeiro. Muito simpático, comunicativo e dedicado médico foi eleito vereador e presidente da Câmara de vereadores daquela cidade. Durante o tempo em que exerceu a medicina em Maceió, construiu sua casa na praça Sinimbu, onde hoje é a Casa Jorge de Lima e sede da Academia Alagoana de Letras. Essa conquista foi alcançada, graças ao empenho do saudoso Dr. Ib Gato Falcão junto a prefeita Kátia Born e a Câmara de Vereadores de Maceió, que fizeram a doação do prédio para a Academia Alagoana de Letras, depois da mesma passar muitos anos fechada e abandonada. Em 1951, dois anos antes de sua morte, voltou para rever sua terra querida. Foi uma viagem sentimental. Arnon de Melo era o Governador do Estado. Sendo seu afilhado e grande amigo, proporcionou-lhe, ao lado dos intelectuais da terra como Francisco Valois, todas as gentilezas possíveis. Ao regressar ao Rio já demonstrava sinais da doença. Mesmo sentindo-se enfraquecido não deixou de escrever seus belos poemas, nem de frequentar seu consultório até que suas forças físicas não mais permitiram continuar. Jorge de Lima deixou na história da poesia brasileira um traço luminoso que não se apagará pela ação corrosiva do tempo. Sua vida e sua obra hão de garantir-lhe a presença na história de todas as gerações. Jorge de Lima dizia que você não morre, mas tendo fé em Deus, você renasce. É verdade.

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