Opinião
O novo velho mundo .
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O conjunto de ocorrências de natureza política, econômica, social, ambiental, que tem se verificado em âmbito global, revelam que a humanidade atravessa um dos mais importantes e delicados momentos de sua história. Com efeito, a magnitude dos eventos e suas consequências, tanto negativas como positivas, rivalizam com episódios históricos de grande relevância, da antiguidade, da idade média, do Renascimento, da chamada Idade Moderna, revelando o “hoje” como período que apenas se inicia, e que pode superar sob todos os aspectos as previsões cientificas, naturais ou artificiais, e suas consequências no curto, médio ou longo prazos para a humanidade.
Uma análise, ainda que superficial do fenômeno que se verifica, evoluindo em espantosa velocidade, evidencia, que o instinto animal desprovido de qualquer resquício de natureza humanitária, lógica e bom senso, talvez apontem com previsível grau de probabilidade se nada for feito para as bíblicas previsões de “apocalipse”, vez que o homem não tirou lições do seu passado para instruir o futuro, desprezando os ensinamentos da ciência, da religião, da natureza, em seus múltiplos aspectos. Sem prejuízo da constatação da gravidade do que está ocorrendo, ou do que possa acontecer no planeta, como consequência do desarranjo global que se verifica, temos o compromisso como cidadãos brasileiros, de situar o país como vítima desse processo.
A tumultuada experiência do Brasil dos últimos anos, infelizmente não sinalizam com a melhora esperada no eterno país do amanhã, contaminado que está por práticas seculares, que se reciclam, alimentadas por condenáveis oportunismos pessoais e coletivos de nossas lideranças de todos os quadrantes, tirando partido do medo, da dúvida, da ignorância, do imediatismo do resultado, importando modelos e referências externas estranhas a nossa formação cultural, enaltecendo a arte do matar, com suas ferramentas de última geração, em detrimento do salvar, esquecendo-se de que os que pregam a morte, matam a si mesmos e ao seu legado, tem sido o que a história nos conta e ensina. A agressão à natureza, é pratica comum, a incineração da civilidade, o absoluto descaso às regras, ao arcabouço legal, que deveria reger democraticamente a interação entre pessoas, grupos e Nações, desprezo pela cultura, pelas tradições, pela educação elementar, pela saúde coletiva, a apoteose do “eu”, do ridículo “quero, posso e mando”, sem a menor noção da efemeridade do poder, arrastando consigo legiões de inocentes úteis, tempestade perfeita, congregando o que existe de pior para caracterizar o novo tempo do século XXI, o retorno do bicho homem as cavernas ancestrais. A vida vem perdendo sentido, corre riscos ao toque de um “clic”, disparando bombas de pólvora e de “Fake News”, comemora-se a desgraça alheia sem a menor cerimônia ou compadecimento, parecendo um retrocesso de séculos, remetendo ao período obscurantista que antecedeu a era do “Renascimento”, compreendendo o renascer da racionalidade, do humanismo, ressaltando o ser humano, identificando-o como ente dotado de inteligência capaz de entender seu papel na interação com o próximo. Voltando ao nosso nicho na aldeia global, preocupa-nos a percepção de que deixamos de referenciar interna e externamente com o que poderíamos chamar nos nossos delírios, de “modelo Brasil”, vez que continuamos nos afastando perigosamente do conceito de “União Nacional”, acentuando nossas diferenças de natureza política, econômica e social, evoluindo do saudável, democrático e civilizado contraditório, para uma ridícula queda de braço, movimento truculento de ação e reação, permeado de revanchismo grotesco e equivocado, vez que somos todos culpados pelo certo e pelo errado que praticamos, ou que viermos a praticar. A absurda guerra da Ucrânia, a invasão do Capitólio, do Congresso Nacional, dos incêndios amazônicos, dos garimpos ilegais, ou indecentemente legais, “bacanas”, sob a ótica bandida que permeia nosso cotidiano, o crime contra os Yanomami, as boiadas dos cretinos espertos, a invasão de áreas produtivas, perguntas e respostas idiotas e descuidadas, e tantas outras cruéis e ridículas barbaridades, é tudo farinha do mesmo saco, não da tradicionalíssima farinha de mandioca tupiniquim, elemento que nos une de Norte a Sul, mas sim veneno mortal, comprometendo o amanhã dessa chamada “Era Moderna”, na utopia desse país do futuro, mas que futuro?