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Opinião

Pela cultura da paz

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DOM FERNANDO IÓRIO * O equilíbrio entre fé e razão não deixa de ser um grande desafio em nossa sociedade que descarta os valores religiosos em favor da racionalidade. Trata-se de tremendo equívoco, vez que sempre esteve a religião presente na história da humanidade. Podemos asseverar que as ideologias e as concepções políticas e econômicas mobilizaram grupos e mais grupos, durante algumas décadas. Por sua vez, as concepções filosóficas dominaram não poucos adeptos por alguns séculos. Entretanto, as convicções religiosas comandam bilhões de seres humanos, durante milhares de anos. Pelo que se vê, a força da religião é tamanha que se torna impossível construir aquele mundo justo com que sonhamos, sem os valores de fraternidade, amor e solidariedade que se encontram no alicerce de todas as crenças. Se, atualmente, algumas religiões fomentam ódio e guerras vem por conta de alguma radicalização que conduz ao fundamentalismo religioso que é produto da falta de diálogo e da presença do desejo de dominar o outro, impondo as nossas supostas verdades, em detrimento das crenças dos diferentes. Não podemos negar que é mais fácil relacionar-se com quem é parecido conosco. Somente que, agindo assim, estamos criando um tipo de unidade na uniformidade. De outra maneira, torna-se comum cada um entrar em conflito com os diferentes por questões religiosas, étnicas, culturais, políticas ou ideológicas. Temos, então, o conflito na diversidade. Se procuramos, hoje, uma cultura de paz que nos conduza à fraternidade universal só será possível quando sairmos da unidade na uniformidade e do conflito na diversidade, caminhando, conscientemente, para a unidade na diversidade. Essa possibilidade avizinha-se de nós, através do diálogo que permite que eu conheça não somente o outro, mas também a verdade do outro. O reconhecimento de que outras verdades existem diferentes da minha, dá início a um processo de acolhimento e aceitação mútuos. Nessa caminhada, existe ainda decisivo passo a ser empreendido, consistindo não apenas em descobrir a verdade do outro, senão também a verdade no outro. Percebe-se, nesse instante, a existência de verdades universais que nos abrem novas perspectivas de um futuro de comunhão, fundamental para a construção de uma cultura de paz. Resta-nos aprender a ser, a fazer, a conviver e a dialogar. Aprendemos pensando e sentindo e, apesar de o coração e o cérebro estarem separados por apenas 35 centímetros, podemos levar a vida inteira para percorrer essa distância, na direção da cultura da Paz. (*) É BISPO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

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