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Nº 5822
Opinião

A guerra das calorias

JOSÉ MEDEIROS * Preferência ao assistir a uma discussão dos pais sobre alimentos muito calóricos, e ou pouco nutritivos, que podem conduzir à obesidade, a garotinha pergunta: “Mãe, o que é caloria?” A mãe buscou uma resposta compreensível e saiu-se com e

Por | Edição do dia 02/02/2005 - Matéria atualizada em 02/02/2005 às 00h00

JOSÉ MEDEIROS * Preferência ao assistir a uma discussão dos pais sobre alimentos muito calóricos, e ou pouco nutritivos, que podem conduzir à obesidade, a garotinha pergunta: “Mãe, o que é caloria?” A mãe buscou uma resposta compreensível e saiu-se com essa: caloria é a energia e o gás do alimento; faz engordar. Abri a janela do tempo para lembrar em que época começou a preocupação com calorias e alimentos de alto valor calórico. E tive uma certeza: obesidade, peso excessivo, gordurinhas, “culotes”, sei lá mais o quê, não eram motivo de preocupação no passado. Imagino que esse problema remonta aos concursos de beleza na televisão, quando virou obsessão a preferência por candidatas altas e magras, de talhe delgado e corpo franzino, que não era o ideal da mulher brasileira na década de 60. A torcida pela baiana Marta Rocha, bonita, bem feita e tipo “violão”, com algumas “polegadas” a mais nos quadris (foi esse o motivo pelo qual perdeu o concurso de “Miss Universo”) – era bem o retrato da predileção nacional àquela época. Em dezembro, foram divulgados dados pelo IBGE que permitiram conhecer um fato novo: mais de 40% dos brasileiros estão acima do peso considerado normal. E uma curiosidade, até com certa lógica: quanto maior a renda pessoal e familiar, maior o excesso de peso dos componentes da família, podendo chegar à obesidade. Estudos realizados sobre o assunto mostram que o brasileiro está consumindo quase o dobro de açúcar na dieta diária, mais sal, além de proteínas de origem animal e frituras. Calorias à beça. Há dois anos, uma conferência proferida pelo médico Drauzio Varella, hoje, astro de televisão, causou celeuma por conter informações polêmicas. “Para viver mais, é necessário comer menos”, disse ele. Toda a linha da palestra versou sobre o papel da restrição calórica como fator de vida longa para os seres vivos. Acrescentou que uma dieta pobre em calorias pode retardar o envelhecimento, prolongando a vida humana, além de ser fator de prevenção de doenças degenerativas e cardíacas. Conta esse médico que em determinado momento de sua exposição um dos ouvintes, alto e bem situado nos seus 140 quilos, reclamou: “professor, se for para viver sofrendo, eu prefiro morrer mais cedo”. As novas gerações nem sempre obedecem às recomendações sobre uma dieta saudável. Os “Mac Donald’s”, batatas fritas, refrigerantes, frituras, chocolates, biscoitos recheados, salgadinhos e uma infinidade de outras delícias gustativas exercem extraordinário fascínio. Médicos e especialistas em nutrição reagem; os poderes públicos, também. O governo do Rio de Janeiro sancionou lei que proíbe a venda, nas cantinas escolares, de produtos que conduzam à obesidade. Em São Paulo, estuda-se uma parceria com as cantinas para a venda de alimentos de alto valor alimentício. Uma dieta “light” nas escolas, o que, sem dúvida, constitui-se numa novidade. A guerra contra as calorias está em curso. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO

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