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Nº 5821
Opinião

Carnaval de rua

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Antigos foliões maceioenses sabem que até o fim da década de 60, na Rua do Comércio, durante a semana que antecedia o carnaval, realizava-se a denominada “maratona carnavalesca”, que começava domingo de banho de mar à fantasi

Por | Edição do dia 03/02/2005 - Matéria atualizada em 03/02/2005 às 00h00

LUIZ GONZAGA BARROSO FILHO * Antigos foliões maceioenses sabem que até o fim da década de 60, na Rua do Comércio, durante a semana que antecedia o carnaval, realizava-se a denominada “maratona carnavalesca”, que começava domingo de banho de mar à fantasia, estendendo-se até sábado de Zé Pereira, com apresentação de blocos, troças, escolas de samba, manifestações folclóricas (maracatu, caboclinhos, la ursa, boi, burrinha) e concurso para a escolha do melhor passista do ano. A maratona representava uma espécie de ensaio geral das agremiações participantes da programação oficial e contribuía decisivamente para a animação do folião e o esplendor do tríduo momesco. A partir dos anos 80, quando absorveu os ritmos baianos, foi atrás do trio elétrico e o folião virou pipoca, o carnaval de Maceió entrou em declínio. Nos salões e nas ruas, a festa perdeu o brilhantismo e a originalidade, ressentindo-se da presença do frevo, da marcha e do samba. Felizmente, nos últimos anos, com o aparecimento de vários blocos e troças nos moldes dos tradicionais, os ritmos que sempre embalaram o carnaval maceioense estão readquirindo o prestígio, a cada desfile do Pinto da Madrugada, da Seresta da Pitanguinha e a cada edição do Jaraguá Folia, que reúne um bom número de grupos tipicamente carnavalescos. Contudo, a apresentação desses atrativos acontece somente nas prévias, em detrimento da programação cada vez mais inexpressiva dos dias realmente dedicados à folia de Momo, que seria revigorada se contasse com a participação das agremiações que fazem o pré-carnaval. Segundo o entendimento dos responsáveis pelo carnaval de rua em Maceió, a antecipação do desfile dos principais blocos vem ocorrendo porque não temos condições de competir com outras cidades, para onde é grande a evasão de foliões alagoanos. A esdrúxula alegação é reforçada ainda com a idéia de deixar nossa capital, nessa época, reservada ao descanso do turista que não gosta de carnaval. Para o observador mais atento, esse posicionamento é prejudicial, pois só atende as conveniências de uma categoria de foliões mais aquinhoada social e financeiramente que habitualmente já passa o carnaval em Recife / Olinda, Salvador ou no Rio de Janeiro. O fato é que o carnaval dos outros Estados, a fuga do folião nativo e o sossego dos turistas não devem ser colocados como empecilhos para o crescimento do carnaval de rua de Maceió, que precisa ter sua programação oficial reformulada. É importante que a população seja consultada a respeito da mudança do calendário do nosso carnaval. (*) É ADVOGADO E MEMBRO DA COMISSÃO ALAGOANA DE FOLCLORE

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